Agricultura
Embrapa lança nectarina doce, de vermelho intenso e com acidez equilibrada
Desenvolvida a partir de cruzamentos, cultivar BRS Carina tem ciclo médio de produção e boa adaptação ao Sul e Sudeste
Paloma Santos | Brasília | paloma.santos@estadao.com
25/12/2025 - 09:02

A Embrapa lançou a BRS Carina, nova cultivar de nectarina voltada ao mercado de frutas de clima temperado. A principal novidade está no período de maturação: de ciclo médio, a fruta começa a ser colhida na última semana de novembro, ampliando a oferta nacional no início da safra.
Desenvolvida pelo programa de melhoramento genético de frutas de caroço da Embrapa, a BRS Carina se posiciona entre outras cultivares recentes da empresa. A colheita ocorre depois da BRS Cathy, no fim de outubro, e da BRS Dani, no início de novembro, e antes da BRS Janita, que amadurece a partir da segunda dezena de dezembro.
Além do calendário, a nova nectarina chama a atenção pelo apelo visual e sensorial. A casca é lisa, brilhante e de vermelho intenso. Além disso, de acordo com a estatal, o sabor é doce, com acidez equilibrada, característica valorizada pelo consumidor.
Testada em diferentes regiões do Sul e do Sudeste, a BRS Carina apresentou boa adaptação às condições brasileiras. “Ela também vem complementar algumas cultivares mais antigas, originárias de outros países e introduzidas no Brasil, que continuam sendo plantadas, uma vez que é uma fruta mais atrativa, com mais coloração, com melhor sabor e, principalmente, mais adaptada às condições de cultivo aqui do Brasil”, afirmou o pesquisador e melhorista genético Rodrigo Franzon, da Embrapa Clima Temperado.
A produção brasileira de nectarina ainda não atende à demanda interna. Rio Grande do Sul e Santa Catarina são os principais produtores, mas em escala inferior à do pêssego. Entre 2020 e 2024, o Brasil importou, em média, 5,45 mil toneladas da fruta por ano, volume que já ultrapassou 10 mil toneladas em períodos anteriores.
Segundo a Embrapa, a baixa oferta está relacionada, em parte, à falta histórica de cultivares bem adaptadas, produtivas e com qualidade comercial. A disponibilização de novas variedades tende a ampliar a área plantada, reduzir importações e gerar renda ao produtor.
A nectarina é uma variedade do pêssego, diferenciada pela casca lisa e sem pelos. Assim como o pêssego, é rica em vitaminas, minerais e compostos antioxidantes, com baixo valor calórico. “Nectarinas são frutas que se adequam muito bem à dieta alimentar. E também são ricas em compostos benéficos à saúde, como antioxidantes e compostos fenólicos. São frutas sem pilosidade, sendo de mais fácil consumo porque não há necessidade de serem descascadas”, disse Franzon.
Ainda de acordo com o pesquisador, a BRS Carina foi obtida a partir do cruzamento entre as cultivares Sunred e Rayon. É indicada para as regiões Sul e Sudeste e necessita de 200 a 300 horas de frio, com temperaturas iguais ou inferiores a 7,2 °C. A floração ocorre, em geral, entre o fim de julho e o início de agosto.
Os frutos têm peso médio entre 80 e 110 gramas, boa firmeza e teor de açúcares que varia de 11 a 17 graus Brix. A película apresenta mais de 90% de cobertura em vermelho intenso, sobre fundo amarelo-esverdeado. A polpa é amarela, com possíveis traços avermelhados próximos ao caroço, que é semilivre.
A produtividade supera 20 toneladas por hectare e pode ultrapassar 30 toneladas, conforme a região e o manejo do pomar.
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