Mais de 2 mil focos de incêndio foram relatados por associações de produtores de cana em São Paulo durante o fim de semana
Os incêndios queimaram 60 mil hectares de plantações de cana-de-açúcar no interior de São Paulo neste fim de semana. A estimativa é da Orplana – Organização das Associações de Produtores de Cana, que reúne 20 associados em São Paulo e 33 no Brasil. “Todas as 20 associações de São Paulo computaram perdas. Em Minas Gerais e Goiás também houve registro”, conta ao Agro Estadão o CEO da Orplana, José Eduardo Nogueira. “Isso para o produtor, é um desastre”, resume.
O prejuízo inicial é calculado em R$ 350 milhões, mas pode ser maior, garante o CEO.
Nessa conta, estão a redução da produtividade nas lavouras queimadas que seriam colhidas, além da palhada que já estava brotando.
Segundo Nogueira, a produtividade já estava caindo por conta da seca – são mais de 130 dias sem chuva – mas a lavoura de cana que iria colher, 70-72 toneladas por hectare, vai colher 45-50 toneladas por hectare, dependendo da área.
“Além disso, tem toda a massa verde que ia junto para fazer o etanol de segunda geração. Tudo isso também queimando, provoca a perda de volume e o produtor não vai ter essa receita”, explica Nogueira.
José Eduardo Nogueira diz que a quantidade de focos de incêndio registrados na região é 20 vezes maior que no ano passado. A identificação foi feita com base em imagens de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “A gente está calculando que o fogo tenha afetado uma área de 26 hectares por propriedade. Mas teve propriedades em que o incêndio queimou 200 hectares. É muito grave”, avalia.
O CEO da Orplana lembra que a queima controlada nos canaviais não é feita há mais de duas décadas e acredita que as condições climáticas de muito vento e a seca contribuíram para que o fogo se alastrasse, apesar das ações de combate.
“Estou no setor há 16 anos e nunca vi um incêndio nessas proporções, ocorrendo tudo simultaneamente”, conta, avaliando que uma série de fatores juntos podem ser a causa. “Foi a ação humana, jogando bituca de cigarro na beira da estrada e queimando lixo, por exemplo. E, obviamente, mais umidade do ar muito seca, abaixo de 15%, com uma biomassa grande e o vento. Impossível controlar, não tem jeito”, avalia.
Os incêndios em São Paulo se intensificaram na última sexta, 23. Três pessoas foram presas suspeitas por provocar focos: duas Franca e uma em Batatais. O governo de São Paulo montou um gabinete de crise, do qual o setor produtivo participa avaliando que medidas podem ser tomadas para evitar novos focos.
No Paraná, incêndios florestais passam de 9 mil neste ano
A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), avalia que as altas temperaturas e períodos de estiagem prolongados são condições favoráveis para as ocorrências de incêndios. Por isso, reforça a importância dos produtores rurais adotarem ações preventivas para evitar que queimadas se alastrem e provoquem prejuízos e riscos.
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