Inovação
Novilhas de projeto de transferência de embriões em MT produzem até 200% mais leite
Em Pontes e Lacerda, raça girolando meio-sangue produz até 15 litros de leite por dia
Paloma Custódio | Brasília
22/11/2024 - 08:30
As novilhas do projeto de transferência de embriões do governo de Mato Grosso estão produzindo até 200% a mais de litros de leite do que a média do estado. Os resultados foram observados na primeira gestação de novilhas girolando meio-sangue que nasceram do projeto: Melhoramento Genético do Rebanho Leiteiro de Mato Grosso em Pontes e Lacerda.
“A produção diária é de 10 a 15 litros. Dados do IBGE, de 2022, apontam que a média da produção de leite por animal por dia em Mato Grosso é de 4,66 litros”, disse ao Agro Estadão a médica veterinária Vânia Ângela Kohl, responsável pelo projeto.
A iniciativa é realizada pela Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf), em parceria com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), e já atendeu mais de 600 produtores rurais em 32 municípios de Mato Grosso.
Para participar do projeto, é preciso ficar atento aos editais de chamamento público lançados pela Seaf, além de estar enquadrado como agricultor familiar. Outros requisitos são:
- garantir alimentação adequada ao rebanho (boas condições de pastagem, capineira e sal mineral de qualidade);
- disponibilizar condições de infraestrutura, mão de obra, contenção dos animais e segurança para realização dos trabalhos técnicos;
- seguir as orientações dos técnicos em relação aos procedimentos de nutrição, sanidade dos animais, readequação estrutural, bem como aos cuidados dos animais gestantes.
Vânia Ângela Kohl afirma que o projeto permite que pequenos produtores da cadeia leiteira tenham acesso a tecnologia de ponta, o que gera resultados em melhoria genética, aumento da produtividade e renda dos participantes.
Resultados no campo
A primeira etapa do projeto no município de Pontes e Lacerda iniciou em 2022 com 31 produtores e o nascimento de 94 bezerras girolando meio-sangue. Os embriões foram produzidos em laboratório por fertilização in vitro (FIV) com a doação de material genético de vacas Gir e touros Holandeses de alta produção. Em seguida, esses embriões foram transferidos para vacas comuns do rebanho de cada produtor.
O pecuarista Ildo Vicente de Souza participou do projeto com sete novilhas, sendo que uma delas já pariu pela primeira vez. “Eu já pude perceber um aumento significativo na produção dela, que está produzindo quase o dobro das outras novilhas que não são do projeto. Então é um aumento de pelo menos 80% na produção”, conta o produtor.
Para ele, além do aumento da produção, o ganho genético também é de extrema importância. “Na minha avaliação o ganho genético não só traz o aumento da produção, mas permite a formação de plantel”, destaca.
Além de Pontes e Lacerda, o projeto também já atendeu produtores da cooperativa Cooperbomja, em Bom Jesus do Araguaia, no Nordeste Mato-Grossense.
O presidente da entidade Valdemir Quixabeira já tem três novilhas paridas que participaram da iniciativa. “Tem animal que está produzindo acima de 20 quilos em duas lactações. As novilhas estão parindo com dois anos, dois anos e meio, no máximo”, conta o produtor.
O objetivo agora é aproveitar o melhoramento genético, por meio de inseminação artificial, e aumentar a eficiência da produção leiteira de toda a fazenda. “Onde uma vaca, que produz pouco, come, a que produz muito vai comer a mesma quantidade e vamos ter um resultado bem satisfatório”, avalia.
A Seaf informou ao Agro Estadão que segue o desenvolvimento dos embriões e das novilhas melhoradas geneticamente por meio de relatórios de campo emitidos pelos extensionistas rurais da Empaer, que acompanham todas as etapas in loco. Conforme as novilhas entram em produção, os técnicos encaminham os relatórios com os indicadores de produção.
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