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Roberto Rodrigues: "Pode haver protecionismo nos EUA, mas Brasil tem de negociar"

Para ex-ministro da Agricultura e Pecuária, ninguém tem o direito de dizer para o Brasil o que é errado

2 minutos de leitura 25/11/2024 - 10:51

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Tânia Rabello | Broadcast Agro

Foto: Igor Savenhago
Foto: Igor Savenhago

Em entrevista ao Estadão Summit Agro, o ex-ministro da Agricultura e Pecuária e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, avaliou sobre o governo recém-eleito de Donald Trump, nos Estados Unidos, que pode haver maior protecionismo em relação aos produtos agropecuários do Brasil. “Mas o Brasil tem de negociar. Nossa diplomacia tem de negociar com parcimônia e competência e estar aberta para todo mundo e para o mundo todo”, alerta.

Para isso, é necessário montar uma estratégia de negociação. Sob esse aspecto, Rodrigues citou a fala do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre a abertura de 274 mercados para os produtos agropecuários brasileiros somente neste ano. “Já há muita coisa, e o governo tem de ir atrás”, recomendou. Rodrigues advertiu, porém, que é necessário deixar de lado questões ideológicas nas negociações.

Sustentabilidade

Rodrigues acredita que a agricultura brasileira pode crescer desmatando o mínimo possível. “Se hoje temos de 70 milhões a 80 milhões de hectares já produzindo alimentos, temos também 120 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem virar agricultura”, reforça. 

Ele ressalta que é importante diferenciar o que é desmatamento legal do ilegal. “Em relação ao desmatamento, ninguém pode ter o direito de dizer para o Brasil o que é errado. Se é legal, vamos fazer o melhor, tentando desmatar o menos possível”, disse. “E o desmatamento ilegal é inaceitável.”

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Amazônia

O ex-ministro reforçou, ainda, a necessidade de resolver a questão fundiária na Amazônia, e também o crédito e a assistência técnica para os pequenos produtores. “Defendo fazer um Poupatempo Rural na Amazônia”, disse. “Dar titulação da terra, garantir um projeto técnico e crédito rural”, exemplificou. “O agricultor entra sem nada e sai com crédito e propriedade. A questão fundiária tem de ser resolvida na Amazônia.”

Valor agregado

Sobre a agregação de valor aos produtos agropecuários brasileiros, Rodrigues mencionou que, apesar de a tecnologia ser essencial, deve-se ter a virada de chave na direção da sustentabilidade. “Precisamos também ter acordos comerciais, políticas públicas e política de renda garantida ao produtor rural por meio do seguro rural.”

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Clima

Já em relação à segurança climática, Rodrigues garantiu que o Brasil já produz pensando nisso há anos. “Vou dar um exemplo: desde o governo Collor, nos anos 1990, até hoje, a área plantada com grãos dobrou, mas a produção cresceu quatro vezes mais.” 

Diante disso, ele calcula que cerca de 123 milhões de hectares deixaram de ser desmatados nesse período, em função do aumento de produtividade.

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