Conheça a empresária e produtora rural Juliana Farah, fundadora da Comissão Semeadoras do Agro da FAESP
“Como mulher, pra variar, não foi fácil chegar até aqui!” Essa exclamação, seguida de uma respiração profunda, exemplifica o constante desafio de lideranças femininas como protagonistas do setor agropecuário. Juliana Farah é vice-presidente da Comissão Semeadoras do Agro da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP).
Integrante de outros grupos de mulheres, nos quais ela ressalta o desenvolvimento de um trabalho árduo para ampliar a presença feminina nos setores produtivos, Juliana celebra sua trajetória e destaca que ainda tem muito o que conquistar.
Confira a entrevista ao Agro Estadão, um dia após a participação no 2º Encontro Estadual de Mulheres do Agro, que ocorreu na quinta, 29, no município de Lins, interior de São Paulo.
Agro Estadão – Na sua visão, quais as principais mudanças no campo ao longo desses anos?
Juliana Farah – O que eu venho acompanhando ao longo desses anos é que temos muitas mulheres no campo, muitas mulheres administrando propriedades e muitas mulheres na lida do dia a dia, mas na invisibilidade e não tendo as devidas oportunidades. Então, hoje, o trabalho que a gente vem fazendo com as semeaduras, por exemplo, é justamente para levar para essa mulher essa visibilidade e mostrar que ela também tá no campo, que ela também está gerindo a propriedade, que ela também está na parte da tecnologia.
Agro Estadão – Como você vê a sua história no agro?
Juliana Farah – Minha família sempre foi do campo, sempre foi do agronegócio e eu sempre tive a figura masculina como sendo a liderança no campo, então, foi isso que me moveu a vir fazer esse trabalho, para mostrar que uma mulher também pode estar na liderança. Eu venho enfrentando ainda grandes desafios, nas minhas próprias propriedades, porque a minha propriedade é em conjunto com meus irmãos. Mas eu, sempre com o pulso firme, venho mostrando que eu quero estar lá e que a mulher precisa ser respeitada.
Agro Estadão – E qual a importância da Comissão Semeadoras do Agro?
Juliana Farah – A Comissão tem uma grande importância porque a nossa grande missão é trazer essa mulher do campo para visibilidade. Então, a gente propõe os encontros, juntamente com os sindicatos rurais, para trazer essa mulher e falar para ela: você pode, aqui é seu lugar também! Além da visibilidade, a gente também quer levar a tão sonhada autonomia financeira, porque muitas mulheres ainda não têm essa autonomia, muitas mulheres ainda não sabem da liderança e do potencial delas. Mas a gente começa tudo – desde o início mesmo – resgatando a autoestima dessas mulheres.
Agro Estadão – E qual o futuro da mulher do campo e como ela pode mudar essa realidade?
Juliana Farah – Eu venho falando muito que a gente precisa mostrar que nós mulheres somos muito persistentes e resilientes, precisamos mostrar isso para as jovens que estão vindo para que elas possam se inspirar em nós. A gente precisa da união entre nós mulheres, esse é o primeiro passo para que a gente possa superar quaisquer obstáculos, a gente precisa aplaudir uma às outras, mostrar que se uma mulher chegou lá, se ela é líder na pecuária, vamos aplaudir! Se ela é líder lá na parte de grãos, na parte de soja, milho, agricultura, vamos aplaudir! Vamos incentivar! Ela está abrindo o caminho para que muitas outras mulheres possam passar.
Agro Estadão – Como a Juliana de hoje se conecta com a Juliana da juventude?
Juliana Farah – A Juliana de hoje, ela vem caminhando, vem trilhando o caminho que ela sempre sonhou na juventude que é ter visibilidade e dar visibilidade a todas as mulheres. Eu não cheguei ainda no ápice de todos os sonhos, mas eu estou trilhando esse sonho e eu acredito que a Juliana vai conseguir atingir todos os sonhos que ela projetou desde a sua adolescência e juventude.
Agro Estadão – Quais eram ou são esses sonhos?
Juliana Farah – O sonho sempre foi ter autonomia financeira, ter visibilidade e mostrar que uma mulher pode também [ser bem-sucedida], juntamente ao lado do homem. Eu venho de uma trajetória onde sempre tive que provar para mim mesma – não para ninguém – e sempre provei, que eu podia ser a melhor.” E hoje eu abraço tudo que tenho, abraço todas as posições que eu venho ocupando. Eu quero dar visibilidade para todas as mulheres do agro, porque hoje essa mulher ainda vive muito na invisibilidade. E esse é o meu papel.
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