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Itaipu adotará protocolo sanitário para galinheiros comunitários no Paraná

Medidas incluem georreferenciamento, cadastro de aves e restrição da região onde estruturas poderão ser instaladas

Um protocolo sanitário será elaborado para garantir a sanidade das aves criadas em 64 galinheiros que serão instalados em áreas indígenas no Paraná. As regras serão definidas pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) e pela Itaipu Binacional (financiadora dos galinheiros), que farão um monitoramento dos espaços para garantir o cumprimento das exigências de segurança sanitária. O acordo foi firmado em uma reunião, nesta semana, que incluiu representantes de instituições do poder público e do setor produtivo avícola. 

A adoção de medidas “imediatas e urgentes” foi uma demanda da Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná (Sistema FAEP), devido aos riscos sanitários associados à criação informal e de subsistência de aves. “A nossa preocupação sempre foi em relação à questão sanitária. Não podemos colocar em risco uma atividade na qual o Paraná é líder e que movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano. Qualquer contaminação decorrente desses galinheiros comunitários poderia trazer impacto com prejuízos incalculáveis”, afirmou, em nota, Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP. 

A Itaipu afirmou que as galinhas que hoje já existem nas comunidades, criadas soltas, também serão confinadas para melhorar o controle. Será feito ainda um processo de georreferenciamento, com o cadastro de todas as galinhas, atendendo ao protocolo já vigente no Paraná. Pelo acordo, os galinheiros não poderão conter outras espécies, como patos, marrecos e gansos. O projeto também deve ficar restrito à região Oeste paranaense, sem incluir o Litoral, como previsto anteriormente.  

“A Itaipu segue garantindo todas as medidas de proteção sanitária no sentido de preservar a produção avícola do Paraná assim como segue comprometida a com a subsistência das comunidades mais vulneráveis do estado, como no caso as aldeias Avá Guarani”, reforçou, em nota, o gestor dos Programas de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto.

O coordenador do projeto, Jhony Alex Luchmann, disse à reportagem que a reunião serviu para sanar possíveis dúvidas com relação ao cumprimento dos protocolos sanitários. “A produção de carne e ovos obtidos pelos galinheiros destina-se exclusivamente à subsistência das famílias indígenas, com objetivo de garantir segurança alimentar. Não há, portanto, finalidade comercial na produção. Além disso, o projeto conta com profissionais que farão o acompanhamento e monitoramento de toda a produção, garantindo a sanidade, o cuidado e a conformidade com todos os protocolos sanitários”, afirmou o gestor.

A reunião teve a participação do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), do Sistema Ocepar, de cooperativas, do Sindicato das Indústrias Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Sistema Faep) e da Itaipu.

Galinheiros comunitários geraram críticas

O projeto Opaná: Chão Indígena prevê a construção de 64 galinheiros comunitários em comunidades indígenas no Paraná e gerou preocupações no setor agropecuário devido ao risco de disseminação de doenças como a gripe aviária. A iniciativa é desenvolvida pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em parceria com a Itaipu Binacional e com o programa Itaipu Mais que Energia. Em março, a FAEP e a Adapar pediram medidas para mitigar os riscos sanitários. Como mostrou a reportagem do Agro Estadão, o temor era que o projeto poderia impactar a avicultura comercial do estado, líder nacional na produção de frango.