Parlamentares relatam preocupação de americanos com importações brasileiras de produtos como óleo e fertilizantes da Rússia
Os senadores brasileiros que viajaram a Washington para tentar abrir um canal de diálogo com o congresso e com empresas norte-americanas afirmaram em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira, 30, em Washington (EUA), que o início do tarifaço anunciado por Trump não deve ser adiado. Os parlamentares também destacaram que a ideia da missão não era reverter a taxa, pois essa é uma atribuição exclusiva do poder executivo.
De acordo com o senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores, os principais objetivos da viagem eram estreitar a relação com os parlamentares norte-americanos, ouvir as opiniões externas sobre o Brasil e mostrar a relação de “perde-perde” para os dois países, com a implementação da nova tarifa.
A comitiva se reuniu com 8 parlamentares do país, sendo 7 do partido Democrata, oposição ao governo Trump, e um Republicano. A maioria, segundo os senadores brasileiros, se posicionou contra a tarifa e alguns deles informaram que pretendem apresentar medidas legislativas para reagir à imposição da alíquota adicional. De acordo com Trad, um dos senadores americanos chegou a dizer que taxar, desta forma, produtos como café e grãos seria um grande “gol contra”.
“Essa história está só começando. Ninguém tinha a intenção de sair daqui com isso resolvido. Então é muito importante que isso possa ser passado de forma clara, de que a gente conseguiu abrir canal de conversa, sim, tanto do lado Republicano quanto do lado Democrata”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC) à imprensa.
No retorno ao Brasil, os senadores devem apresentar um relatório da missão, com os principais pontos levantados durante as reuniões. Entre eles, a preocupação de parlamentares americanos com as relações comerciais entre Brasil e Rússia. A senadora Tereza Cristina (PP), integrante da comitiva, afirmou aos jornalistas que a pauta da importação de óleo e de fertilizantes russos é um tema sensível:
“Foi um assunto que ouvimos de parlamentares e da iniciativa privada. Tantos senadores democratas e republicanos com quem conversamos tocaram nesse assunto”, afirmou Tereza Cristina. “Eles estão preocupados em acabar a guerra e acham que quem compra da Rússia, dá munição para continuar tendo recursos para a guerra”, complementou.
Ainda de acordo com a senadora, o congresso americano está em um movimento intenso para aprovar, antes do recesso legislativo, uma lei nesse sentido, impondo sanções aos países que negociam com a Rússia.
A respeito de uma possível conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, afirmou que Lula estaria aberto ao diálogo para tratar das tarifas aplicadas a produtos brasileiros:
“Ele [Lula] já disse ‘não tenho problema em conversar’. E não tem mesmo. Se depender do lado brasileiro, para tratar coisas que esse grupo não tem como tratar. […] Só não vou dizer que vamos debater a questão do Judiciário, porque no nosso país, as coisas são independentes. Podemos até conversar, mas não mandamos no Judiciário. A possibilidade está aberta, é só organizar”.