PUBLICIDADE

Economia

Piolho de cobra na agricultura: aliado ou praga?

Controlar o piolho de cobra traz equilíbrio à biodiversidade e aumenta a produtividade agrícola

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão*

08/12/2024 - 08:20

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

Quando pensamos em inimigos no campo, o piolho de cobra muitas vezes é incluído na lista de pragas indesejadas. Entretanto, sua presença no solo pode ter aspectos positivos também. 

Enquanto é considerado por muitos apenas como um invasor, este pequeno artrópode desempenha papéis essenciais para a saúde do solo, como a reciclagem de nutrientes. Por outro lado, populações descontroladas podem causar danos significativos às culturas.

CONTEÚDO PATROCINADO

Compreender os comportamentos e as condições que tornam o piolho de cobra um problema ou um aliado é o primeiro passo para manejá-lo de forma sustentável e eficiente. 

O que é o piolho de cobra?

O piolho de cobra é um artrópode da classe Diplopoda. Caracteriza-se por seu corpo alongado, segmentado, com dois pares de patas por segmento. Dependendo da espécie, pode medir de 2 cm a 15 cm e apresenta coloração variando entre marrom escuro e preto, com uma textura rígida e brilhante.

Muitas vezes confundido com lacraias (Chilopoda), o piolho de cobra se alimenta exclusivamente de matéria orgânica, enquanto as lacraias são predadoras ativas.

PUBLICIDADE

O ciclo de vida do piolho de cobra é composto por três fases: ovos, ninfas e adultos. Eles têm capacidade de reprodução tanto sexuada quanto assexuada, o que facilita sua adaptação e expansão em diferentes ambientes:

  • Reprodução sexuada: Envolve o acasalamento entre machos e fêmeas, que ocorre em ambientes úmidos e protegidos.
  • Reprodução assexuada: Em algumas espécies, as fêmeas podem produzir ovos sem a necessidade de fertilização, um processo conhecido como partenogênese.

Os ovos são depositados no solo e eclodem após cerca de três semanas, dependendo das condições climáticas. As ninfas passam por várias trocas de exoesqueleto até atingirem a maturidade, o que pode levar de seis meses a um ano.

Os piolhos de cobra preferem ambientes úmidos, ricos em matéria orgânica e protegidos da luz solar direta. Em condições favoráveis, podem viver até dois anos, durante os quais sua população pode crescer exponencialmente.

Eles não são venenosos e não possuem garras ou ferrões. Quando ameaçados, enrolam-se para se proteger e podem liberar uma substância com odor desagradável, que serve para repelir predadores. Essa substância pode causar uma coloração arroxeada na pele humana em caso de contato.

Além das características físicas e do ciclo de vida, é importante ressaltar a diversidade de espécies de piolhos de cobra. Existem milhares de espécies catalogadas em todo o mundo, cada uma com adaptações específicas ao seu ambiente.

PUBLICIDADE

No Brasil, a diversidade também é grande, com espécies nativas e introduzidas. A identificação correta da espécie pode ser importante para entender seu papel no ecossistema e determinar as melhores estratégias de manejo, caso necessário.

Quando o piolho de cobra se torna um problema?

Embora desempenhem funções ecológicas importantes, os piolhos de cobra podem ser problemáticos em certas condições. O acúmulo de matéria orgânica no solo e o excesso de umidade são fatores que favorecem sua proliferação. 

Em altas densidades, eles podem atacar plântulas e raízes, causando prejuízos consideráveis.

Danos às culturas

  • Atacam sementes e plântulas: Comem a casca de sementes e as raízes de plântulas, comprometendo a germinação e o desenvolvimento inicial.
  • Risco em áreas de cultivo protegido: Em estufas e viveiros, podem se acumular em substratos ricos em matéria orgânica.
  • Culturas mais afetadas: Hortaliças, leguminosas e grãos são especialmente vulneráveis em estágios iniciais de desenvolvimento.

É crucial entender que nem toda a presença de piolhos de cobra indica um problema. O nível de infestação que causa dano varia conforme a cultura, o estágio de desenvolvimento da planta e as condições ambientais.

Um monitoramento constante e a identificação precoce de altas populações são essenciais para evitar que se tornem uma ameaça. A avaliação do dano deve considerar a área afetada e a capacidade de recuperação da planta.

PUBLICIDADE

Como identificar uma infestação?

  • Presença visível de piolhos de cobra ao redor de plantas.
  • Sinais de mordidas em raízes e caules.
  • Diminuição na taxa de germinação das sementes.

Além dos sinais visuais, a análise do solo pode ser uma ferramenta útil para identificar uma infestação. A presença de um grande número de piolhos de cobra em amostras de solo, especialmente perto das raízes das plantas, pode indicar um problema.

Outro indicativo é a observação de um aumento repentino na população após períodos de chuva ou irrigação intensa, que favorecem a reprodução desses artrópodes.

A falta de controle pode levar a perdas significativas, especialmente em pequenos cultivos com alta densidade populacional.

Quando o piolho de cobra se torna um aliado?

O piolho de cobra desempenha um papel crucial na decomposição e na ciclagem de nutrientes no solo. Foto: Adobe Stock

No equilíbrio correto, o piolho de cobra é um recurso valioso no manejo sustentável do solo. Ele contribui para a decomposição de matéria orgânica, transformando-a em nutrientes essenciais para as plantas.

Contribuições ecológicas

  • Ciclagem de nutrientes: Os piolhos de cobra ajudam a decompor folhas, galhos e outros materiais orgânicos, liberando nutrientes como nitrogênio e fósforo.
  • Melhoria da estrutura do solo: Sua movimentação contribui para a aeração, aumentando a retenção de água e facilitando o crescimento das raízes.
  • Redução de resíduos agrícolas: Atuam como agentes naturais de limpeza do solo.

A atuação dos piolhos de cobra na decomposição da matéria orgânica vai além da simples liberação de nutrientes. Eles também contribuem para a formação de húmus, um composto orgânico estável que melhora a estrutura do solo, aumenta sua capacidade de retenção de água e promove a atividade microbiana benéfica.

PUBLICIDADE

Essa melhoria na qualidade do solo reflete diretamente na saúde das plantas e na sua capacidade de resistir a doenças e pragas.

Gongocompostagem: transformando resíduos em fertilizantes

A gongocompostagem é uma técnica que utiliza piolhos de cobra para acelerar o processo de decomposição orgânica. Esse método já é aplicado em diversas propriedades rurais com resultados promissores:

  • Vantagens: Produz húmus rico em nutrientes, melhora a fertilidade do solo e reduz o desperdício de resíduos agrícolas.
  • Exemplo prático: Agricultores familiares relatam aumento de 15% na produtividade de hortaliças após o uso de adubo proveniente da gongocompostagem.

Essa prática também é uma alternativa econômica para produtores que buscam reduzir custos com fertilizantes químicos.

Manejo do piolho de cobra

Controlar o piolho de cobra requer um manejo integrado que permita manter sua população em níveis benéficos para o ecossistema, sem causar danos às culturas.

Monitoramento e diagnóstico

  • Inspecione áreas de cultivo regularmente.
  • Identifique sinais de infestação precoce, como danos nas plântulas.

Redução de condições favoráveis

  • Melhore a drenagem do solo para evitar o acúmulo de umidade.
  • Remova o excesso de matéria orgânica superficial.

Barreiras físicas

  • Utilize fitas adesivas ao redor de canteiros para impedir a entrada dos piolhos.
  • Empregue plásticos ou cercas de proteção em estufas.

Controle biológico

  • Incentive predadores naturais, como pássaros e alguns tipos de insetos.
  • Evite o uso indiscriminado de pesticidas, que pode prejudicar o equilíbrio do solo.

Métodos caseiros e alternativos

  • Use armadilhas simples, como pedaços de frutas deixados no solo à noite, para atrair e remover os piolhos.

O manejo integrado permite um controle mais eficiente e sustentável, garantindo a produtividade sem comprometer o equilíbrio ecológico.

PUBLICIDADE

O piolho de cobra é um exemplo claro da dualidade entre ameaça e benefício no campo. Quando manejado corretamente, ele pode ser um aliado valioso na promoção da saúde do solo e na sustentabilidade agrícola. 

Contudo, sua presença excessiva exige intervenções estratégicas para evitar prejuízos. Adotar práticas como a gongocompostagem e o controle biológico é essencial para equilibrar biodiversidade e produtividade.

A rotação de culturas é uma prática que pode ajudar a reduzir a população de piolhos de cobra no solo. Alternar culturas suscetíveis com culturas menos atrativas ou que possuam propriedades repelentes pode quebrar o ciclo de vida desses artrópodes e dificultar sua proliferação.

Além disso, a escolha de variedades de plantas mais resistentes ao ataque de piolhos de cobra pode ser uma estratégia complementar no manejo integrado.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial, diz especialista

Economia

Produtor do Brasil é o Ayrton Senna da agricultura mundial, diz especialista

Debatedores esboçaram, durante o Estadão Summit Agro 2025, em São Paulo, suas visões em relação ao futuro do agronegócio

Em crise histórica, Cotribá busca proteção judicial para evitar colapso financeiro

Economia

Em crise histórica, Cotribá busca proteção judicial para evitar colapso financeiro

Com dívidas que ultrapassam R$ 1 bilhão, cooperativa centenária tenta ganhar tempo para reorganizar operações e negociar com credores

Futuro do agro passa por Seguro Rural e pagamento por serviços ambientais, avalia SRB

Economia

Futuro do agro passa por Seguro Rural e pagamento por serviços ambientais, avalia SRB

No Estadão Summit Agro 2025, presidente da Sociedade Rural Brasileira avaliou questões geopolíticas, como as tarifas dos EUA e o acordo Mercosul-UE

COP 30 superou o temor de ser um tribunal de acusações contra o agro

Economia

COP 30 superou o temor de ser um tribunal de acusações contra o agro

Estadão Summit Agro debate nesta quinta-feira, 27, em São Paulo, sustentabilidade, relações comerciais e desafios do agronegócio brasileiro

PUBLICIDADE

Economia

China cancela compra de soja de 5 empresas brasileiras

A detecção de resíduos de pesticidas em um carregamento de 69 mil toneladas do grão teria sido o motivo da suspensão temporária

Economia

Estadão Summit Agro 2025 vai debater as principais tendências e desafios para o setor

Evento reúne especialistas nesta quinta-feira, 27, para discutir o legado do agro depois da COP 30, oportunidades com o acordo Mercosul-UE e o uso de IA 

Economia

Parlamento Europeu aprova adiamento da lei antidesmatamento

Texto final ainda precisa ser publicado no Jornal Oficial da UE até o fim de 2025 para que o adiamento entre em vigor; veja o que muda

Economia

Justiça homologa plano de recuperação do Grupo Lavoro

Credores serão divididos em dois grupos com condições diferentes de pagamento; decisão ainda cabe recurso

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.