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Economia

Nutrição de precisão melhora qualidade do ovo e amplia produtividade das aves

Com dieta ajustada a cada fase, desde o início da vida, galinhas produzem ovos mais nutritivos e com menor índice de perdas

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

06/05/2025 - 08:00

Consumo de ovos cresce 11,2% em 2024 e atinge média de 269 unidades por pessoa no Brasil. Foto: Adobe Stock
Consumo de ovos cresce 11,2% em 2024 e atinge média de 269 unidades por pessoa no Brasil. Foto: Adobe Stock

Cozido, frito, mexido ou em receitas, o ovo é um dos alimentos mais presentes na mesa dos brasileiros. Em 2024, o consumo de ovos per capita chegou a 269 unidades por ano, uma alta de 11,2%. Para 2025, a projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indica novo avanço, de 1,1%, mesmo com as valorizações registradas nos primeiros meses do ano.

Poucos sabem, mas a qualidade nutricional do ovo começa a ser definida meses antes da primeira postura da galinha, quando a ave inicia a produção. Para garantir um produto com as características desejadas, como sabor, cor da gema, resistência da casca e valor nutricional, é fundamental que as aves recebam uma dieta balanceada, adequada a cada fase da vida.

Marco Aurélio Barbosa, especialista em nutrição de aves da ADM, uma das líderes em nutrição humana e animal no país, explica que, nos primeiros dias de vida, a pintainha (galinha recém-nascida) precisa de uma alimentação que favoreça o crescimento do intestino e o fortalecimento do sistema imunológico. “Essa fase é como a infância para os humanos. Se a ave não se desenvolve bem aqui, já começa a vida produtiva com desvantagem”, afirma.

Crescimento das aves

Na fase de crescimento, o foco da alimentação muda e passa a ser o desenvolvimento ósseo da galinha, fundamental para garantir reservas adequadas de cálcio — principal componente da casca do ovo. “Um erro aqui pode não ser perceptível no início, mas cobra um preço alto mais adiante”, alerta Barbosa.

A importância da casca também é destacada por José Evandro de Moraes, pesquisador do Instituto de Zootecnia (IZ-Apta), de Nova Odessa (SP). Segundo ele, por ser a única proteína de origem animal que já vem embalada por natureza, a qualidade da casca é fundamental. “É ela quem protege a clara e a gema. Por isso, formulamos dietas com equilíbrio entre cálcio, fósforo e outros minerais, sempre acompanhadas de um bom manejo”, afirma.

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Na fase de pré-postura, que vai aproximadamente das 16 às 18 semanas de vida, a alimentação é voltada para o desenvolvimento saudável do aparelho reprodutivo da ave. “É uma fase crítica, que exige controle também do manejo de luz e do peso corporal. O objetivo é preparar essa galinha para uma vida produtiva longa e eficiente”, diz Moraes.

Quando a ave começa a botar ovos, geralmente entre 18 e 22 semanas, seu corpo funciona como uma verdadeira fábrica, exigindo ajustes finos na dieta. Calcula-se que são necessários cerca de 2 gramas de cálcio apenas para formar a casca de um ovo. “Um desequilíbrio pode significar ovos com cascas mais finas, maior taxa de perdas e até queda na produtividade”, diz Barbosa.

Saúde do fígado 

Além da casca, a qualidade da gema, que chama a atenção do consumidor, também é diretamente influenciada pela nutrição. A cor, por exemplo, vem dos pigmentos naturais de ingredientes como o milho, base da alimentação das aves. Já o sabor e o valor nutricional, incluindo proteínas e vitaminas, também são modulados pela formulação da dieta.

Menos conhecido, mas fundamental nesse processo, é o papel do fígado. Barbosa explica que tanto a gema quanto a clara são produzidas no fígado da galinha, e não no ovário. “Manter a saúde do fígado é chave para termos a quantidade ideal de proteína e fosfolipídeos [essenciais ao transporte de nutrientes], que serão produzidos, levados ao sangue e depositados na gema e na clara”, afirma.

Nutrição de precisão

O avanço da chamada nutrição de precisão, que fornece dietas personalizadas aos animais, vem permitindo ajustes finos na alimentação das aves, com base em dados de desempenho, genética, fase produtiva e até condições climáticas. “Hoje temos acesso a tecnologias que nos permitem oferecer exatamente o que a ave precisa em cada etapa, evitando excessos e carências. Isso se traduz em saúde para o animal e qualidade para o consumidor”, destaca Barbosa, da ADM.

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A longevidade das galinhas também merece atenção. Com boa nutrição e manejo, as aves podem se manter produtivas por mais de 100 semanas, o que reduz a necessidade de reposição do plantel e favorece o bem-estar animal. Mas, nessa fase mais avançada, chamada de “fase geriátrica”, o desafio aumenta, exigindo novo ajuste na alimentação. “A ave mais velha põe ovos maiores, mas a casca tende a ficar mais fina. É preciso adaptar a dieta para manter a qualidade e reduzir perdas”, explica Moraes, do IZ-Apta.

Manejo adequado

Lote de pintinhos de 1 dia na Granja AvicampoOvos, em Taquari (RS).
Lote de pintinhos de 1 dia na Granja AvicampoOvos, em Taquari (RS). Foto: Fábio Frühauf/Arquivo Pessoal

Apesar da importância da nutrição, o sucesso na produção de ovos de qualidade envolve outros fatores. Fábio Frühauf, segunda geração de avicultores em Taquari (RS) e responsável pelo manejo de 68 mil galinhas na granja Avicampo Ovos, com mais de 35 anos de atuação, destaca o papel do manejo cuidadoso. Segundo ele, o cuidado começa pela alimentação, mas se estende ao ambiente em que as aves vivem. “Quanto melhor o bem-estar, melhor a produção”, afirma.

A granja investe em um sistema automatizado de controle de temperatura e ventilação, além do monitoramento rigoroso da qualidade da ração, com ingredientes selecionados para evitar fungos e impurezas no milho. Para Fábio, nutrição balanceada, controle térmico e manejo são essenciais. “A nutrição é o pilar de tudo. A ração precisa ser de alta qualidade, porque é isso que garante a saúde das aves e a qualidade do ovo”, explica.

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