Especialista destaca ações preventivas para garantir o desenvolvimento das forrageiras, reduzir custos e garantir alimentação do gado no período da seca
Com a chegada do período chuvoso, pecuaristas enfrentam o desafio e a oportunidade de otimizar o manejo das pastagens. A estação é crucial para garantir que as forrageiras — principal fonte de alimento do gado criado a pasto — se desenvolvam, evitando prejuízos.
Durante o período das águas, as condições climáticas — chuvas regulares, altas temperaturas e maior luminosidade — favorecem o crescimento das gramíneas forrageiras. Segundo a gerente de marketing de campo na linha de pastagens da Corteva Agriscience, Thais Lopes, a produtividade do gado está diretamente relacionada à qualidade da forragem disponível. “Quem vê pasto, vê arroba”, brinca a especialista em entrevista ao Agro Estadão.
Segundo Lopes, se o pasto não é adequadamente manejado, o resultado pode ser um crescimento insuficiente ou irregular, comprometendo a nutrição dos animais. Contudo, um ponto de atenção deve ser com as plantas daninhas, pois elas também encontram um ambiente propício para o desenvolvimento. “Essas plantas competem por recursos vitais, como água, nutrientes e luz, o que pode prejudicar o crescimento das pastagens de interesse”, explica a especialista.
Diante deste desafio, Thais destaca estratégias fundamentais para o manejo eficiente durante a estação chuvosa:
Antes de iniciar qualquer manejo, é essencial realizar uma análise detalhada do estado atual da pastagem. O objetivo é identificar áreas que precisam de recuperação ou reformas. “É preciso ver se está um pasto já rapado [baixo] ou mais alto, porque o pasto não é um problema só quando ele está baixo, também é problema se ele está muito alto”, ressalta Thais.
De acordo com a especialista, a depender da situação do pasto, será necessário que o produtor acione um profissional para receber orientações específicas de manejo. Além do mais, se o pasto estiver rapado, ou seja, sem massa foliar, o pecuarista não deve deixar o gado entrar na área, porque o animal tende a comer os talos e impedir novas brotações.
Essa etapa começa antes do período das chuvas, com o pecuarista avaliando qual o objetivo do rebanho dele e quantas cabeças de gado ele vai colocar em uma determinada área para, então, calcular a quantidade de forragem necessária.
“Tendo em vista a capacidade de suporte do pasto, é possível mensurar quando e quantos animais é possível ter naquela área”, afirma a gerente da Corteva. “Quando o pasto atinge um corte mínimo aceitável de altura, tem que retirar esse gado da área e permitir que esse pasto se recupere, porque senão, você começa a ter pasto rapado, que é justamente o quê? falta de forragem para o animal”, complementa.
Na transição entre o período de seca e o chuvoso, deve-se priorizar o controle das plantas daninhas. Como nesse intervalo as plantas estão em pleno desenvolvimento vegetativo, há uma maior eficiência dos herbicidas, favorecendo o crescimento das forrageiras.
Paralelamente a esse processo, a reposição de nutrientes no solo é crucial para garantir o máximo potencial de desenvolvimento das gramíneas. “Esse manejo adequado permite que a gramínea se desenvolva melhor, resultando em maior produtividade. Consequentemente, o gado terá acesso a um alimento mais barato e de qualidade, favorecendo o ganho de peso e a eficiência na produção”, informa Thais ressaltando que o pasto é uma cultura, por isso, é essencial fertilizar a área e ter todos os cuidados com o manejo preventivo, mesmo em uma área onde tem uma rotação dos animais.
Outra prática importante e preventiva, é a alternância de áreas de pastejo para permitir a recuperação da pastagem. O uso de ferramentas, como réguas de manejo, pode ajudar no monitoramento das alturas ideais para o pastejo e a recuperação.
“Quando o capim atinge uma altura mínima recomendada, geralmente entre 20 e 40 centímetros, nesse momento, tem que rotacionar o gado, colocando ele em outra área para que esse pasto cresça de volte. Essa estratégia evita a degradação e garante a continuidade do ciclo produtivo”, explica Lopes.
Outra vantagem de um manejo adequado de pastagem é a garantia de alimento para o gado no período da seca — quando o crescimento das forrageiras diminui. Segundo a gerente de marketing de campo na linha de pastagens da Corteva Agriscience, quando o pecuarista segue um planejamento e se atenta aos cuidados necessários, além de assegurar o alimento para o animal, ele também reduz custos.
“Chega em um momento, por exemplo, de uma inversão de ciclo pecuário ou de baixa no preço da arroba, se o pecuarista tem um pasto ele pode usar a estratégia, por exemplo, de reter o animal mais tempo para vender num momento melhor. Se ele não tem, ele pode ser induzido a vender, porque fica muito caro manter esse gado no coxo”, afirma Lopes. “Então, essa é uma oportunidade também que um pasto bem manejado traz”, complementa.
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