Economia
Manejo de pastagens: estratégias para maximizar a produção
Especialista destaca ações preventivas para garantir o desenvolvimento das forrageiras, reduzir custos e garantir alimentação do gado no período da seca

Sabrina Nascimento | São Paulo
27/12/2024 - 08:15

Com a chegada do período chuvoso, pecuaristas enfrentam o desafio e a oportunidade de otimizar o manejo das pastagens. A estação é crucial para garantir que as forrageiras — principal fonte de alimento do gado criado a pasto — se desenvolvam, evitando prejuízos.
Durante o período das águas, as condições climáticas — chuvas regulares, altas temperaturas e maior luminosidade — favorecem o crescimento das gramíneas forrageiras. Segundo a gerente de marketing de campo na linha de pastagens da Corteva Agriscience, Thais Lopes, a produtividade do gado está diretamente relacionada à qualidade da forragem disponível. “Quem vê pasto, vê arroba”, brinca a especialista em entrevista ao Agro Estadão.
Segundo Lopes, se o pasto não é adequadamente manejado, o resultado pode ser um crescimento insuficiente ou irregular, comprometendo a nutrição dos animais. Contudo, um ponto de atenção deve ser com as plantas daninhas, pois elas também encontram um ambiente propício para o desenvolvimento. “Essas plantas competem por recursos vitais, como água, nutrientes e luz, o que pode prejudicar o crescimento das pastagens de interesse”, explica a especialista.
Diante deste desafio, Thais destaca estratégias fundamentais para o manejo eficiente durante a estação chuvosa:
Avaliação da pastagem
Antes de iniciar qualquer manejo, é essencial realizar uma análise detalhada do estado atual da pastagem. O objetivo é identificar áreas que precisam de recuperação ou reformas. “É preciso ver se está um pasto já rapado [baixo] ou mais alto, porque o pasto não é um problema só quando ele está baixo, também é problema se ele está muito alto”, ressalta Thais.
De acordo com a especialista, a depender da situação do pasto, será necessário que o produtor acione um profissional para receber orientações específicas de manejo. Além do mais, se o pasto estiver rapado, ou seja, sem massa foliar, o pecuarista não deve deixar o gado entrar na área, porque o animal tende a comer os talos e impedir novas brotações.
Planejamento estratégico
Essa etapa começa antes do período das chuvas, com o pecuarista avaliando qual o objetivo do rebanho dele e quantas cabeças de gado ele vai colocar em uma determinada área para, então, calcular a quantidade de forragem necessária.
“Tendo em vista a capacidade de suporte do pasto, é possível mensurar quando e quantos animais é possível ter naquela área”, afirma a gerente da Corteva. “Quando o pasto atinge um corte mínimo aceitável de altura, tem que retirar esse gado da área e permitir que esse pasto se recupere, porque senão, você começa a ter pasto rapado, que é justamente o quê? falta de forragem para o animal”, complementa.
Controle de plantas daninhas e nutrição do solo
Na transição entre o período de seca e o chuvoso, deve-se priorizar o controle das plantas daninhas. Como nesse intervalo as plantas estão em pleno desenvolvimento vegetativo, há uma maior eficiência dos herbicidas, favorecendo o crescimento das forrageiras.
Paralelamente a esse processo, a reposição de nutrientes no solo é crucial para garantir o máximo potencial de desenvolvimento das gramíneas. “Esse manejo adequado permite que a gramínea se desenvolva melhor, resultando em maior produtividade. Consequentemente, o gado terá acesso a um alimento mais barato e de qualidade, favorecendo o ganho de peso e a eficiência na produção”, informa Thais ressaltando que o pasto é uma cultura, por isso, é essencial fertilizar a área e ter todos os cuidados com o manejo preventivo, mesmo em uma área onde tem uma rotação dos animais.
Rotação de pastagens
Outra prática importante e preventiva, é a alternância de áreas de pastejo para permitir a recuperação da pastagem. O uso de ferramentas, como réguas de manejo, pode ajudar no monitoramento das alturas ideais para o pastejo e a recuperação.
“Quando o capim atinge uma altura mínima recomendada, geralmente entre 20 e 40 centímetros, nesse momento, tem que rotacionar o gado, colocando ele em outra área para que esse pasto cresça de volte. Essa estratégia evita a degradação e garante a continuidade do ciclo produtivo”, explica Lopes.
Pasto bem manejado é garantia de alimento na seca
Outra vantagem de um manejo adequado de pastagem é a garantia de alimento para o gado no período da seca — quando o crescimento das forrageiras diminui. Segundo a gerente de marketing de campo na linha de pastagens da Corteva Agriscience, quando o pecuarista segue um planejamento e se atenta aos cuidados necessários, além de assegurar o alimento para o animal, ele também reduz custos.
“Chega em um momento, por exemplo, de uma inversão de ciclo pecuário ou de baixa no preço da arroba, se o pecuarista tem um pasto ele pode usar a estratégia, por exemplo, de reter o animal mais tempo para vender num momento melhor. Se ele não tem, ele pode ser induzido a vender, porque fica muito caro manter esse gado no coxo”, afirma Lopes. “Então, essa é uma oportunidade também que um pasto bem manejado traz”, complementa.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Tarifa: enquanto Brasil espera, café do Vietnã e Indonésia pode ser isento
2
COP 30, em Belém, proíbe açaí e prevê pouca carne vermelha
3
A céu aberto: produtores de MT não têm onde guardar o milho
4
Exportações de café caem em julho, mas receita é recorde apesar de tarifaço dos EUA
5
Rios brasileiros podem ser ‘Mississipis’ do agro, dizem especialistas
6
Violência no campo: roubos e furtos de máquinas agrícolas crescem 37,5% no 1º semestre

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Fazendas e usinas de álcool estavam sob controle do crime organizado
Operação Carbono Oculto investiga o uso de seis propriedades no interior de São Paulo para fraude nos combustíveis; veja como funcionava o esquema

Economia
Entidades do setor de combustíveis e bioenergia manifestam apoio à Operação
Instituições defendem proteção ao consumidor e fortalecimento da economia nacional

Economia
Frentes do agro cobram leis mais duras contra fraudes após ‘Carbono Oculto’
Entidades querem urgência do Congresso Nacional para aprovar projetos de lei que endurecem a fiscalização no setor de combustíveis

Economia
Produção agrícola de Santa Catarina ganha competitividade com ICMS zerado
Medida entra em vigor em setembro e inclui itens da cesta básica, valendo somente para produtos agrícolas catarinenses
Economia
Megaoperação mira fraudes em combustíveis com impacto no agro
Ação bloqueia usinas, distribuidoras, portos e fundos ligados a grupo criminoso
Economia
Brasil e México vão ampliar cooperação agropecuária
Governo mexicano se comprometeu em adotar protocolo de regionalização em caso de surtos de doenças em granjas brasileiras
Economia
Agropecuária gera mais de 100 mil empregos no ano, aponta Caged
Apesar do crescimento de 6,08% de janeiro a julho, foi o segmento que menos gerou novos postos de trabalho no período
Economia
Colheita de café atinge 91,3% nas áreas de atuação da Cooxupé
Mais cooperativa de café arábica do mundo, a Cooxupé reúne 21 mil famílias em três regiões de Minas Gerais e uma de São Paulo