Economia

Exportação de café mantém alta na receita, apesar de queda no volume embarcado

Com 3,1 milhões de sacas exportadas, Brasil teve queda de 28% em abril, mas mantém desempenho recorde no acumulado do ano-safra

O Brasil exportou 3,093 milhões de sacas de 60 kg de café em abril de 2025, uma queda de 27,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Apesar da retração no volume, a receita cambial registrou um forte crescimento, alcançando US$ 1,341 bilhão — um aumento de 41,8% no período. Os dados constam no relatório estatístico mensal do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

No acumulado do ano, entre janeiro e abril, o país embarcou 13,816 milhões de sacas, uma redução de 15,5% em relação aos quatro primeiros meses de 2024. Por outro lado, a receita cambial disparou 51%, chegando a US$ 5,235 bilhões, o maior valor para esse intervalo de quatro meses na série histórica do Cecafé.

Já no acumulado dos dez primeiros meses do ano safra 2024/25, mesmo com a queda nos embarques durante a entressafra, as exportações apresentam desempenho recorde, com 39,994 milhões de sacas embarcadas e US$ 12,443 bilhões de faturamento. Os números representam aumentos de 1,5% no volume e 56,3% na receita em relação ao mesmo período do ano-safra anterior (julho de 2023 a abril de 2024).

Em vídeo divulgado pelo Cecafé, o diretor-geral da entidade, Marcos Matos, destaca que a entrada da nova safra em 2025 deve impulsionar novamente as exportações. “Tivemos um recorde no ano passado, com 50,5 milhões de sacas exportadas. Agora, aguardamos a safra de 2025, que apresenta desafios para o arábica, embora algumas projeções tenham melhorado e esperado uma safra melhor para os canéforas (conilon + robusta)”, afirma.

O presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, reforçou, em nota, que o Brasil deve colher a maior safra de cafés canéforas da história, enquanto Vietnã e Indonésia, principais concorrentes nessa variedade, devem apresentar aumento de produção. “No momento, o conilon brasileiro ainda não é tão competitivo contra essas duas origens, o que favorece a indústria nacional no que se refere a preços”, explica.

Já para o café arábica, cuja colheita se aproxima, Ferreira observa que as condições climáticas — antes não favoráveis devido à estiagem e às altas temperaturas no Sul de Minas, Cerrado Mineiro e Mogiana — melhoraram nos últimos meses. Com isso, diversas estimativas de produção foram revistas para cima.

“Seguiremos com um ano apertado, porém com uma safra não tão distante da anterior. Com a alta dos preços verificada no mercado desde o ano passado e, agora, em função da possibilidade de safra recorde no conilon, espera-se um arrefecimento nos preços desta variedade, o que já vem ocorrendo e pode ser determinante para estancar a alta de preços ao consumidor, uma vez que já se observa aumento substancial dos canéforas nos blends das principais indústrias na comparação com o ano passado”, avalia.

Desempenho por tipo de café

O café arábica liderou as exportações nos quatro primeiros meses de 2025, com 11,709 milhões de sacas embarcadas. Em seguida, aparece o café solúvel, com embarque equivalente a 1,282 milhão de sacas. O canéfora (conilon + robusta) vem na sequência, com 807.165 sacas, seguido pelo setor industrial de café torrado e moído, com 18.386 sacas exportadas.

Principais destinos

Os Estados Unidos se mantiveram como o principal destino do café brasileiro entre janeiro e abril, com 2,373 milhões de sacas adquiridas, uma queda de 11,2% em relação ao mesmo período de 2024. A Alemanha ficou em segundo lugar, com 1,785 milhão de sacas (-24,4%), seguida pela Itália, com 1,146 milhão (-13%).

O Japão aumentou suas importações de café brasileiro em 6,1%, adquirindo 865.929 sacas. Já a Bélgica importou 618.305 sacas, com forte retração de 63,1%.

Fechando o top 10, aparecem:

O diretor-geral do Cecafé, Marcos Matos, comenta em vídeo sobre o recorde de exportações de café em 2024, ressalta a expectativa de uma safra promissora de canéforas este ano e destaca os números dos cafés especiais brasileiros.