Economia
Conab reduz em 7,6% safra brasileira de grãos; perdas no RS ainda serão contabilizadas
Produção total de soja está estimada em mais de 147 milhões de toneladas, 4,2% abaixo da obtida na safra passada; Apesar da queda, volume ainda se configura como a 2ª maior produção do país
Sabrina Nascimento | Atualizado às 10h20 do dia 14/05/2024
14/05/2024 - 09:49

A produção total de grãos no Brasil da safra 2023/24 deve ser 7,6% menor ou 24,36 inferior ao colhido no ciclo anterior. Diante disso, a estimativa para a produção nesta temporada está em 295,45 milhões de toneladas de grãos. As informações estão no 8º Levantamento da Safra de Grãos 2023/2024 divulgado nesta terça-feira (14) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
No entanto, a Conab alerta que as fortes chuvas registradas no Rio Grande do Sul ainda trarão impactos negativos para o resultado final da atual temporada.
“Não é possível ainda ter precisão nas perdas para o setor no estado. Os níveis de água estão elevados e o acesso às propriedades é difícil, impossibilitando que se faça uma avaliação mais detalhada”, diz o presidente da Companhia, Edegar Pretto. “Vale ressaltar que neste primeiro momento a preocupação é com as vidas e com a garantia do abastecimento, fazer com que as pessoas atingidas pelas chuvas tenham o direito ao básico, como a alimentação”, completa.
Segundo a Companhia, a quebra de 24,36 milhões de toneladas se deve, sobretudo, à atuação da forte intensidade do fenômeno El Niño, que em 2023 teve influência negativa no comportamento climático, desde o início do plantio até as fases de reprodução das lavouras de primeira safra, nas principais regiões produtoras do país.
Queda na produção de soja e ajuste na área de plantio
A produção total de soja está estimada em 147.684,8 mil toneladas, 4,2% abaixo da obtida na safra passada. Apesar da queda, o volume continua a se configurar como a segunda maior produção já obtida da oleaginosa.
Houve novo ajuste da área semeada, especialmente pela identificação de novas áreas de cultivo no Maranhão, Goiás, Pará, Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, resultando numa área total cultivada na safra 2023/24 de 45.733,2 mil hectares, 3,8% superior ao semeado na safra passada.
Neste levantamento também ocorreu uma pequena redução na produtividade estimada, recuando para 3.229 kg/ha, 7,9% menor à obtida na safra 2022/23, reflexo, principalmente, da redução na produtividade no Rio Grande do Sul, devido ao excesso de precipitações ocorridas nas últimas semanas.
Colheita da soja 2023/24: os trabalhos de campo alcançaram 94,3% da área cultivada no início de maio. Em Mato Grosso, Paraná e São Paulo, ela está praticamente finalizada, enquanto no Maranhão, Pará e Rio Grande do Sul ela se prolongará durante maio. As produtividades foram inferiores às da safra passada em quase todo o país, reflexo das condições climáticas adversas ocorridas durante a implantação e desenvolvimento da cultura, com falta e excesso de precipitações em épocas importantes no desenvolvimento da cultura.
Arroz
A produção de arroz está estimada em 10.495 mil toneladas, alta de 4,6% em comparação com a temporada anterior. No entanto, em decorrência das frequentes e volumosas chuvas, com alagamentos, inundações e extravasamento dos rios no Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz, os números ainda devem ser revisados.
Segundo a Conab, os prejuízos ainda estão sendo mensurados, mas já é certo que haverá perdas de lavouras. Além disso, a produtividade média deve reduzir, conforme os impactos oriundos da situação catastrófica.
A área de arroz irrigado foi estimada em 1.249,8 mil hectares, com aumento de 6,3%, comparando-se à safra passada. Quanto ao arroz de sequeiro, houve um aumento de área em 7,1% em relação à safra 2022/23, estimada, para a safra 2023/24, em 325,1 mil hectares.
Milho
O levantamento da Companhia estima uma colheita de milho total em 111,64 milhões de toneladas, redução de 15,4% se comparada com a temporada passada. A primeira safra do cereal teve, na maioria dos estados produtores, produtividades inferiores às obtidas no último ciclo, influenciadas por condições climáticas adversas ocorridas.
Na segunda safra do grão, as condições não são uniformes. Em Mato Grosso, a maioria das lavouras encontram-se em enchimento de grãos, com bom desenvolvimento e boa reserva hídrica no solo. Porém, em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Minas Gerais e parte do Paraná, a redução das precipitações em abril provocou sintomas de estresse hídrico em diversas áreas.
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