Com inovações tecnológicas, País deixou de ser importador para se tornar um dos principais fornecedores do mundo
Cinco décadas separam o Brasil importador de alimentos do Brasil que é líder na exportação de soja, café e outros produtos. Quase 60% de toda a soja do mundo sai daqui. Isso sem falar no suco de laranja (75%), café (30%), açúcar (48,2%), carne de frango (35,5%) e carne bovina (24,6%), de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
“Os olhos do mundo estão voltados ao Brasil, por ser o principal ator da maioria das cadeias produtivas e de exportação mundial”, avalia Manuel Otero, diretor-geral do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). No último ano, o País movimentou US$ 150,1 bilhões e foi o terceiro maior exportador, atrás da União Europeia e dos Estados Unidos, conforme dados do Centro Internacional de Comércio.
Há forte contribuição também na economia nacional. Desde 2010 (com exceção de 2013 e 2014), o superávit comercial do agronegócio brasileiro tem superado o déficit dos demais setores, garantindo sucessivos resultados positivos na balança comercial. Para 2024, o PIB do agronegócio deve somar R$ 2,5 trilhões (sendo R$ 1,7 trilhão no ramo agrícola e R$ 759,8 bilhões na pecuária). Assim, a participação do setor na economia deve ficar próxima de 21,8%.
E o Brasil precisa aumentar a sua produção de alimentos em 40% para atender à demanda mundial, já que a previsão da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura é chegar a 2050 com 9,7 bilhões de pessoas no globo. Para isso, o setor produtivo aposta que é possível converter até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade em áreas agricultáveis nos próximos dez anos, ou seja, não é preciso avançar sobre a vegetação nativa.
“O potencial do Brasil é gigantesco para transformar áreas degradadas e de baixa produtividade em áreas produtivas. Por isso, foi criado o programa ABC no passado (hoje o ABC+), que foca na recuperação de pastagem, com as tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta”, ressalta Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O equilíbrio entre o aumento da produção e a sustentabilidade, no entanto, exige monitoramento mais preciso da chamada “primeira milha” das cadeias agropecuárias – etapas iniciais do processo produtivo. Segundo Ricardo Assumpção, sócio-líder de Sustentabilidade e CSO LATAM da Ernst & Young, haverá uma cobrança cada vez maior para garantir que não haja desmatamento ou desequilíbrios sociais no início das produções.
Com isso, o setor precisa melhorar a comunicação não somente com os clientes de outros países, mas também no mercado doméstico. “Precisamos mostrar as vantagens de o setor ser mais sustentável, que não é apenas custo. É rentabilidade e uma posição comercial mais forte”, diz Assumpção.
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