Economia
Atemoia: fruta exótica e doce conquistou o mercado internacional
A produção de atemoia ainda é pequena no país, com apenas 1,4 mil hectares; pomares estão concentrados nas regiões Sul e Sudeste
Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
01/04/2024 - 08:00
Imagine uma fruta que combina o melhor de duas espécies exóticas, resultando em um sabor doce e uma textura que lembra o leite condensado natural. Essa é a atemoia, uma joia tropical que vem conquistando paladares e mercados ao redor do mundo.
O que é atemoia?
Com casca rugosa e em formato de gomos, a atemoia tem uma polpa macia, sementes pretas e um sabor extremamente doce. Da florada até a hora da colheita, são 15 dias. Tempo curto, mas que requer bastante cuidado por parte do produtor. Por ser uma fruta delicada, a atemoia precisa de acompanhamento praticamente diário durante o cultivo.
“Tem que cuidar muito bem dessa árvore, deixar a folhagem do jeito certo, ao mesmo tempo tem que esperar que não tenha muito vento, pois o contato da folha com a fruta pode causar danos. É preciso controlar as folhas ao redor, para que elas protejam, mas não afetem a fruta”, explica Rafael Campos, diretor comercial da Campal Frutas, que iniciou o cultivo da atemoia em 2019, em Valinhos (SP).
A família Campal é produtora de frutas desde 1960, e decidiu arriscar no cultivo da atemóia, ao perceber as qualidades e potencial da fruta no mercado internacional. O pomar começou com 400 pés e hoje tem oito mil. Em 2023, produziu cerca de 380 toneladas de atemoia; desse volume, 200 toneladas foram exportadas em 55 mil caixas. Os principais mercados são Canadá e Reino Unido, segundo a empresa.
Mesmo com cultivo caro, intenção é aumentar a produção de atemoia
A atemoia é considerada uma fruta rentável, porém cara – de produzir, de manter e de se vender. Mas com um mercado que a valoriza, a tendência da Campal é aumentar a produção para ampliar as exportações, já que a demanda é grande. Segundo o diretor comercial, a produção cresceu 237% na safra de 2023 em relação à anterior
“O nosso planejamento é aumentar a área de cultivo em 40% neste ano. O resultado virá a partir de 2025, pois o período entre o plantio da árvore e a primeira colheita demora cerca de dois anos, dependendo do clima”, contou Rafael Campal ao Agro Estadão.
Segundo ele, a atemoia é bastante adaptável ao frio, mas não tolera temperaturas muito baixas. A expectativa para esta safra é de uma pequena redução no volume – devido à instabilidade climática – e qualidade superior.
Números da atemoia no Brasil
A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) tem três associados que produzem e exportam atemoia. Não existe um balanço apenas da atemoia, mas do grupo em que ela está, junto com pinha e graviola. Em 2023, foram exportadas 986 toneladas de frutas desse agrupamento, totalizando mais de US$ 3,92 milhões.
Outros produtores fornecem apenas para o mercado interno. A produção total da fruta está concentrada em São Paulo (43,8%), Minas Gerais (18%), Paraná (18%) e Bahia (18%).
De acordo com a Abrafrutas, a plantação adapta-se melhor a climas tropicais e subtropicais, assim como a cherimoia e a pinha, frutas das quais o cruzamento resultou na atemoia. Depois de colhida, ela continua o processo de amadurecimento e dura cerca de 18 dias.
A fruta é consumida, geralmente, in natura e é rica em vitaminas B, C e potássio. A venda para o consumidor acontece de forma unitária ou por quilo. No Ceagesp, na capital paulista, o preço da caixa de um quilo varia de acordo com o número de unidades da fruta. Uma caixa com 5 a 8 frutas (maiores) custa R$ 12, já a caixa com 13 a 18 frutas (pequenas) está sendo vendida a R$ 8,97.
Benefícios da atemoia
A atemoia é uma fruta altamente nutritiva, rica em vitaminas e minerais que oferecem vários benefícios para a saúde:
Rica em vitaminas do complexo B
A atemoia contém boas quantidades de vitaminas do complexo B, essenciais para o bom funcionamento do sistema nervoso e para a produção de energia no corpo.
O consumo regular ajuda a combater o cansaço e melhora o metabolismo.
Fonte de vitamina C
A vitamina C presente na atemoia atua como um poderoso antioxidante, fortalecendo o sistema imunológico e ajudando na prevenção de infecções.
Além disso, a vitamina C contribui para a saúde da pele, promovendo a produção de colágeno.
Rica em potássio
O potássio é um mineral importante para a saúde cardiovascular, ajudando a regular a pressão arterial.
Consumir atemoia regularmente pode contribuir para a manutenção de níveis saudáveis de pressão e evitar problemas como a hipertensão.
Propriedades antioxidantes
Os antioxidantes da atemoia combatem os radicais livres no organismo, ajudando a prevenir doenças crônicas e retardando o processo de envelhecimento celular.
Atemoia: o “leite condensado natural”
Devido à sua textura cremosa e sabor extremamente doce, a atemoia é frequentemente comparada ao “leite condensado natural”. Essa doçura única faz com que a fruta seja uma excelente opção para quem busca sobremesas naturais e mais saudáveis.
Seu sabor agradável torna a atemoia perfeita para ser consumida in natura ou como ingrediente em diversas receitas.
Diferenças entre atemoia, pinha e graviola
Apesar de pertencerem à mesma família (Annonaceae), atemoia, pinha e graviola têm características distintas:
- Atemoia: Híbrida de cherimoia e pinha, com casca verde e rugosa, polpa doce e cremosa.
- Pinha: Também conhecida como fruta-do-conde, tem uma casca escamosa e polpa granulada, com sabor doce, mas menos complexo.
- Graviola: Maior que as outras duas, com casca espinhosa e polpa mais ácida, utilizada em sucos e sobremesas.
Como consumir a atemoia?
A atemoia pode ser consumida de diversas formas, sendo mais popular o consumo in natura. Basta cortar a fruta ao meio e retirar as sementes, aproveitando sua polpa doce e macia.
Ela também pode ser usada em receitas de sobremesas, como sorvetes, compotas, e até sucos, adicionando um sabor exótico e saudável às preparações.
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