Conab refuta críticas e vai utilizar imagens de satélites para tirar dúvidas em “levantamentos subjetivos”
A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz) contestaram os dados apresentados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) sobre a área plantada de arroz no estado gaúcho. Segundo uma nota das entidades, o crescimento da área semeada deve ser de 2,69% e não de 9,7%, conforme levantamento da Conab.
“Externamos à sociedade brasileira nossa profunda preocupação com a nova rodada de desinformação quanto aos dados de área, produtividade e produção de arroz que estão sendo divulgados pela Conab”, inicia a nota das federações.
A crítica está na quantidade de hectares plantados para a cultura no Rio Grande do Sul. O 4º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25 da Conab, divulgado nesta semana, estima que 988 mil hectares sejam semeados, o que representaria um crescimento de 9,7% frente à safra anterior, que foi de 900,6 mil hectares nos cálculos do órgão.
No entanto, as entidades apontam que o Instituto Rio Grandese do Arroz (IRGA), calcula um crescimento de 2,69%. Conforme o último levantamento do Instituto, de 05 de janeiro, os produtores gaúchos já haviam plantado 927,8 mil hectares, o que representa 3% de crescimento frente aos 900,2 mil hectares de 2023/2024.
Além disso, o IRGA traz uma espécie de previsão de área plantada ao final da safra 2024/2025 de 948,3 mil hectares, chamado de intenção de plantio. Caso essa intenção seja confirmada, esse crescimento da área semeada seria de 5,3%.
De acordo com a nota, o governo superestima a produção “com o intuito claro de intervir nos preços do cereal” e complementa analisando que a medida “pode causar mais problemas para produtores, indústrias, varejistas e, principalmente, consumidores”. Além disso, as federações enxergam “interesses ideológicos” na conduta da Conab.
Apesar dos números divergentes, as federações ponderam que não haverá desabastecimento. “Queremos tranquilizar a sociedade e dizer que, como de costume, produziremos bem mais do que os brasileiros consomem, o que nos obrigará a exportar excedentes, não havendo nenhum risco de desabastecimento”, afirmam Farsul e Federarroz.
A Conab também emitiu uma nota em que rebate as acusações de manipulação de dados. “A Conab refuta qualquer ilação quanto à manipulação de dados com o objetivo de influenciar o comportamento do mercado agrícola”, disse o órgão.
Segundo a companhia, o levantamento feito “reflete a expectativa de produção no mês anterior à publicação”. A nota também aborda que a semeadura do arroz no Rio Grande do Sul terminou na segunda semana de janeiro e que as equipes técnicas da Conab retornam a campo na próxima semana, para fazer o relatório da safra de fevereiro.
Outra questão apontada pelo órgão é a utilização de imagens de satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). De acordo com a Conab, essa parceria vai viabilizar um mapeamento da área cultivada de arroz no Rio Grande do Sul.
“Com esse levantamento objetivo, a Conab poderá dirimir quaisquer dúvidas relativas à área plantada de arroz, comparativamente ao levantamento subjetivo da Conab e outras instituições”, afirmou.