Economia
Anfavea aponta incertezas e descarta ganhos para indústria com tarifas dos EUA sobre aço
Alta nos custos de financiamento e diesel também preocupam o setor, especialmente o mercado de caminhões pesados

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
14/03/2025 - 15:52

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) avalia que as tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos (EUA) sobre o aço e o alumínio brasileiro não devem reduzir o custo da indústria nacional uma vez que, possivelmente, haverá excedente de produto no mercado.
Segundo Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o conflito tarifário global não deve ser visto como um oportunismo. “Nós só acreditamos nas montadoras fortes no Brasil se todos os elos da cadeia estiverem fortes. […] Pode ser que, em algum momento, isso aconteça [redução de custos pela sobreoferta], mas isso não está no nosso radar. Nós queremos que a indústria de aço seja muito forte no Brasil e que tenhamos todos os elos bastante fortes”, afirmou Leite, durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira, 14.
Lima destacou ainda que o cenário atual é de muita incerteza, levando algumas montadoras a revisarem suas estratégias para se adaptarem ao novo quadro global. “Quando impacta as montadoras em mercados como os Estados Unidos e o México, isso gera reflexos aqui”, ressaltou, destacando que uma das principais preocupações é como as tarifas podem mexer com os investimentos do setor.
Emplacamento de caminhões
O emplacamento de caminhões registrou uma leve retração de 4,7% em fevereiro de 2025 na comparação com o mês anterior, de acordo com levantamento da Anfavea. “Tivemos mais dias úteis em janeiro, então é natural que você tenha essa queda, que na verdade representa um mercado que está em instabilidade”, explicou Eduardo Freitas, vice-presidente da Anfavea.
No acumulado do primeiro bimestre, no entanto, o segmento acumula crescimento de 10,8%. Frente ao mesmo mês de 2024 também há elevação (+7,1%).

Apesar do cenário parecer otimista, a Anfavea chama atenção para o segmento de caminhões pesados. Esse tipo de veículo, que liderou o crescimento do setor no ano passado, registrou queda de 20% em relação ao mês anterior e de 10% na comparação com fevereiro de 2024.
Conforme a Anfavea, essa desaceleração está diretamente relacionada a fatores como o alto custo do financiamento e o aumento do preço do diesel, impactando no frete. “ Então, é um sinal de alerta para o setor, precisamos acompanhar e ver como é que vai evoluir”, indicou Freitas.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Banco do Brasil inicia renegociações de dívidas na próxima semana
2
Soja: Argentina zera impostos e ameaça exportações do Brasil para a China
3
Safra 2025/2026 deve bater novo recorde com 353,8 milhões de toneladas
4
Importações de milho pela China caem 90,5% em agosto
5
Margem da indústria de carnes segue pressionada por tarifa dos EUA
6
Governo confirma municípios habilitados para renegociação de dívidas rurais

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Brasil e EUA encerram reunião; Abiec acredita que carne bovina foi prioridade
Setor aposta em dependência da carne bovina brasileira diante do menor rebanho dos últimos 75 nos EUA

Economia
Soja do Brasil será afetada brutalmente por acordo entre EUA e China
Para conselheiro de uma das principais empresas processadoras de soja do Brasil, acordo entre as duas potências é inevitável

Economia
Produtores dos EUA pressionam Trump por acordo com a China
Associação Americana da Soja cobra fim do impasse comercial com Pequim e decisão da EPA sobre metas de biocombustíveis para 2026 e 2027

Economia
Comitiva busca abrir novos caminhos para o Agro brasileiro na Índia
Grupo liderado por Geraldo Alckmin vai levar pautas do setor, com o objeto de ampliar as exportações para o país asiático
Economia
Inpasa e Amaggi encerram parceria por etanol de milho
Empresas desistem de joint venture em Mato Grosso após divergências sobre estrutura e governança
Economia
Trump acusa China de 'hostilidade econômica' ao não comprar soja dos EUA
Presidente americano disse que pode encerrar, como retaliação, as relações comerciais com os chineses para compra de óleo de cozinha
Economia
Manga, uva e pescado: como estão esses setores dois meses após o tarifaço?
Abipesca diz que as empresas exportadoras seguem sem mercado e sem crédito, apesar da ajuda anunciada pelo governo
Economia
STJ decide que crédito garantido por CPR em operação Barter fica fora de RJ
Corte entendeu que a conversão da cobrança em dinheiro não altera a natureza do crédito nem implica renúncia à garantia vinculada ao título