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Clima nos EUA, demanda chinesa e retenciones argentinas: o que tem mexido com o mercado da soja?

Perspectivas internacionais pressionam e soja cai pelo 3° pregão consecutivo; no mercado interno maioria das praças segue em baixa

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Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

31/07/2024 - 06:30

Foto: Adobe Stock
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Os contratos futuros da soja negociados na Bolsa de Mercadoria de Chicago fecharam mais um dia em queda, marcando o terceiro pregão consecutivo de baixas. Com o mercado ainda pressionado pelo clima, o contrato da oleaginosa para setembro de 2024 encerrou esta terça-feira, 30, a US$ 10,11 por bushel (-1,84%). Também houve declínio no contrato para novembro de 2024, o mais comercializado (-1,88%). Nesse caso, o bushel fechou a US$ 10,20.

Entre os motivos que pressionam os preços, segue no radar do mercado a possibilidade de bons volumes de chuvas e temperaturas amenas em agosto, mês crucial para a produção de soja norte-americana. Conforme explica a consultoria Safras & Mercado, as condições climáticas previstas favorecem a evolução das lavouras e a expectativa é de uma safra cheia.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 28 de julho, 67% das lavouras de soja dos EUA estavam boas ou em excelentes condições.

Argentina e China

Além das questões climáticas, o mercado continua precificando a perspectiva de aumento na oferta de exportação de soja, farelo e óleo da Argentina, diante dos rumores de que o presidente do país poderá reduzir as retenciones sobre a oleaginosa e os seus derivados. Também pesa na CBOT a lentidão nas compras da China, principalmente de  farelo de soja. 

Nesta terça, os derivados da soja seguiram o movimento do grão e também recuaram em Chicago. O farelo de soja, vencimento dezembro de 2024, recuou 1,89% com a tonelada cotada a US$ 317,40. No caso do óleo de soja, vencimento também para dezembro deste ano, a queda foi de 0,12%, a 41,93 centavos de dólar.

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Para o sócio-diretor da consultoria Markestrat, José Carlos de Lima Júnior, apesar do preço atual ser o mais baixo desde 2020, no caso da soja em grão, o detalhe não é o preço, mas o volume. “No momento, somente um movimento macro na ponta compradora, leia-se China, seria capaz de alterar essa direção, dado que o volume [considerando estoque mais produção dos EUA] é inevitável”, diz Lima Júnior.

Porém, ainda de acordo com o especialista, a China já mostrou que, pelo menos por enquanto, essa não é uma possibilidade, fato que corrobora a probabilidade da soja seguir rumo aos US$ 10 na CBOT.

Já o diretor da Consultoria Agrinvest, Eduardo Vanin, chama atenção para a cobertura de compras de soja da China. “Para agosto está em 100%, para setembro de 25% a 30%, menos de 5% para outubro e 10% para novembro. A China ainda precisa comprar de 45 a 48 milhões de toneladas de soja até o final de fevereiro [2025], apenas necessidade de crush [spread de processamento para minimizar riscos]”, diz Vanin.

O analista da Agrinvest também ressalta como importante questão o programa de rodízio de estoques da Sinograin, estatal chinesa de abastecimento. “No ano passado a Sino comprou mais de 10 milhões de toneladas, concentrada nos EUA. Esse ano seu programa de compras parece bem mais lento, e além disso, conta com uma safra grande na Argentina”, contextualiza.

Falando na Argentina: Milei vai diminuir as retenciones?

No cenário internacional, especulações quanto a possíveis mudanças na condução agrícola do país também pressionam o mercado. O presidente Javier Milei disse no último fim de semana que deseja reduzir as “retenciones a las exportaciones” sobre o complexo soja. O que na prática significa diminuir tributações sobre exportações. 

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De acordo com Eduardo Vanin, uma redução em torno de 10 pontos percentuais, conforme desejado por Milei, aumentaria a venda direta do produtor argentino para o mercado, levando mais soja para as processadoras e para exportação, o que pode pressionar ainda mais as  cotações na Bolsa de Chicago. 

“Na semana passada, negócios foram reportados na Argentina para o embarque setembro com descontos de 30 centavos por bushel em relação ao Brasil e aos EUA, o que reforçou que o mercado já estaria se antecipando à redução”, comenta Vanin. No entanto, ainda não há uma força significativa que dê suporte a essa vontade de Milei, devido à necessidade de arrecadação do país. 

Mercado interno fica entre estável e pequenas quedas; soja segue em baixa na maioria das praças

Apesar de mais uma baixa no cenário internacional, no mercado interno, a soja fechou a terça-feira com negócios próximos à estabilidade e em baixos patamares, conforme dados da Safras & Mercado.

Rio Grande do Sul: não houve registro de grandes lotes comercializados e os preços permaneceram em baixa no porto, com indicações de compras variando entre R$ 137 e R$ 138 por saca (CIF). Há uma semana, os valores estavam em torno de R$ 142.

Paraná: movimentos pontuais para a oleaginosa na última sessão, com cotações entre estáveis a mais fracas. Em Paranaguá, a saca seguiu a R$ 138 (CIF), estável frente ao dia anterior e abaixo dos R$ 143 observados na semana passada. 

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Mato Grosso do Sul: mercado travado com preços voltando a perder forças. Em Campo Grande e em Dourados, a cotação caiu de segunda para terça: de R$ 123 para R$ 122 a saca de 60 kg (CIF). Há uma semana, os negócios eram fechados a cerca de R$ 127.

Mato Grosso: a consultoria relata poucas ofertas, com indicações de compras em torno de R$ 124 na região de Primavera do Leste. Há uma semana, a cotação estava em R$ 127.

São Paulo: não houve reporte de grandes movimentos no dia. Para embarque e pagamento até o fim deste mês, indicações de compras estão entre R$ 137 e R$ 138 por saca (CIF). Na semana anterior, a saca estava em R$ 144.

Uberlândia (MG): a saca da oleaginosa caiu de R$ 129 para R$ 128 (CIF) nesta terça. Há uma semana, estava em R$ 132,50

Balsas (MA): teve a queda mais acentuada, com a saca reduzindo de R$ 124 para 120 no fechamento. Na semana passada a cotação estava em torno R$ 124.

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