Clima
Risco de queimadas continua em Mato Grosso e Norte do país; no centro-sul, condição retorna a partir de quarta-feira
Altas temperaturas, falta de umidade no solo e ventos contribuíram para espalhar os focos de incêndio, diz meteorologista
2 minutos de leitura 27/08/2024 - 07:16
Por: Fernanda Farias | Porto Alegre | fernanda.farias@estadao.com
Os incêndios que foram registrados no estado de São Paulo e atingem também outros estados do Sudeste, a região Centro-Oeste e o Norte do Brasil se espalharam devido a uma combinação de fatores meteorológicos e condições do ambiente que aumentam o risco de queimadas. A explicação é da especialista em meteorologista da Tempo Ok, Maria Clara Sassaki.
Segundo a especialista, antes da passagem da frente fria, uma forte massa de ar seco agiu sobre o interior do Brasil, deixando as temperaturas muito elevadas e a umidade relativa do ar em níveis críticos.
“Vários municípios registraram índices abaixo de 10% por alguns dias seguidos. A falta de chuva deixou o solo bem seco, com índices abaixo dos 40%, outro fator que também contribui para o aumento de queimadas”, afirma Sassaki.
Os ventos de intensidade moderada a forte também ajudam a espalhar os focos de queimadas. Sassaki explica que eles são comuns nesta época do ano e ainda mais intensos em áreas que já estão com focos de calor ativos. “Os ventos podem transportar pequenas partículas incandescentes, ou muito aquecidas, para áreas distantes dos focos originais, gerando uma nova queimada, o que dificulta o trabalho de controle desses incêndios”, pontua.
Vento levou fuligem e fumaça por centenas de quilômetros
Ao analisar os mapas de satélite, a especialista conta que na sexta-feira, 23, quando a frente fria se aproximou do Sudeste, os ventos mais próximos da superfície acompanharam o movimento da frente fria e espalharam os focos de queimada das áreas de cana-de-açúcar, no norte de São Paulo, para outras áreas em direção à faixa leste do estado.
“Houve transporte de fumaça e fuligem por centenas de quilômetros e até cidades da Região Metropolitana de São Paulo registraram resquícios dos incêndios. Até o cheiro do ar e a coloração do pôr do sol mudaram”, afirma Sassaki. “Após a passagem da frente fria, houve redução significativa nos focos de queimada em Mato Grosso do Sul e em São Paulo. Mas o sistema não conseguiu reverter a situação nos demais estados do Centro-Oeste e do Sudeste”, completa.
Risco de queimadas segue
Nesta segunda-feira, 26, a Defesa Civil de São Paulo informou que não havia mais focos ativos de incêndio. Neste momento, a maior quantidade de queimadas se concentra nos estados de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas, do Pará, no Tocantins, no Maranhão e no Piauí. “Como não há previsão de chuva significativa nestas áreas até o final da primeira metade de setembro, o risco de queimadas segue elevado para estes estados”, afirma Sassaki.
Em São Paulo, o risco de queimadas aumenta gradativamente nos próximos dias, de acordo com a especialista. O mesmo alerta vale para Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. “A chuva que aconteceu com a passagem da frente fria não foi suficiente para aumentar a quantidade de água disponível no solo e o risco aumenta devido ao retorno do tempo seco”, conclui.
Para esses estados, no centro-sul do país, a temperatura volta a subir na quarta-feira, 28, e a umidade relativa do ar retorna a índices críticos.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Clima
1
Chuvas abaixo da média afetam lavouras de café em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo
2
“Este La Niña será diferente de todos os outros”, diz Cemaden
3
Alerta de temporais e ventos acima de 100km/hora no Sul do País
4
Das geadas à onda de calor, Minas Gerais se destaca na produção de feijão irrigado
5
Risco de queimadas continua em Mato Grosso e Norte do país; no centro-sul, condição retorna a partir de quarta-feira
6
Setembro terá temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Clima
Chuva ameniza tempo quente em Mato Grosso do Sul e parte de São Paulo neste fim de semana
Fenômeno La Niña tem mais probabilidade de ficar para o fim do ano com efeitos sentidos no início de 2025
Clima
Frente fria chega ao Sul com possibilidade de avançar para Centro-Oeste
Apesar de precipitações, não há previsão de chuvas volumosas; próximos dias seguem quentes
Clima
Onda de calor de 'grande perigo' atinge diversos estados neste sábado
Alerta vermelho do Inmet se estende em áreas de RO, AM, PA, MT, GO, SP, e MG
Clima
Incêndios em SP: perdas em cafezais foram pontuais, mas umidade preocupa
Com muitas lavouras sob estresse hídrico, clima adverso deixa produtores apreensivos
Chuvas abaixo da média podem afetar semeadura da soja 2024/25 em MT, diz Imea
Apesar desse cenário, o Imea mantém a estimativa de área plantada em 12,66 milhões de hectares, 1,47% mais em relação ao ciclo anterior
Setembro terá temperaturas elevadas e chuvas abaixo da média
Além de altas temperaturas, alerta para MT e MS também prevê picos de frio intenso em partes dos dois estados; queda abrupta pode impactar atividade pecuária
Emater: prejuízos pela geada, concentrados em área de baixada, serão mensurados
Apesar da intercorrência climática, perspectivas de produtividade permanecem favoráveis
Geadas no Sul deixam produtores de trigo em alerta
Fenômeno climático pode afetar florescimento e a formação de grãos de trigo