Agropolítica
Governo de SP vai lançar pacote de R$ 500 mi para o agro
Governador Tarcísio de Freitas diz que o anúncio do crédito vai ocorrer durante a 30ª edição da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP)

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com
28/04/2025 - 05:00

Além de lançar tecnologias para o agronegócio, a Agrishow 2025 será palco de anúncios estratégicos. Em entrevista, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que irá anunciar um pacote de R$ 500 milhões em apoio ao setor, com foco em crédito para pequenos e médios produtores e em seguro rural.
Durante a feira, em Ribeirão Preto, também será lançada a primeira obra do novo programa de Logística Rural. A meta é recuperar mil quilômetros de estradas rurais até 2026 e construir pontes metálicas, de concreto e novos centros de distribuição e comércio de produtos agrícolas.
Em 2024, São Paulo liderou as exportações agropecuárias do País, com 18% do total, à frente de Mato Grosso (17,3%). O desempenho foi puxado por itens como açúcar e suco de laranja, em que o Estado é líder nacional de produção.
Confira, a seguir, trechos da entrevista ao Agro Estadão.
O que o governo de São Paulo vai anunciar para o agronegócio na Agrishow 2025?
Vamos anunciar mais de R$ 500 milhões para o agronegócio, com crédito para pequenos e médios produtores investirem em máquinas, seguro rural, logística, fundos e títulos de propriedade. Um dos destaques é o seguro rural, que terá novamente R$ 100 milhões para cobrir perdas causadas por eventos climáticos. Também será lançada, em Ribeirão Preto, a primeira obra do novo Programa de Logística Rural, que vai recuperar mil quilômetros de estradas até 2026.
Como o governo pretende conciliar a venda de áreas da Secretaria da Agricultura coma preservação da pesquisa científica?
As atividades de pesquisa agrícola e produção científica no Estado estão asseguradas. Essas áreas correspondem a cerca de 6% das propriedades da Secretaria da Agricultura e, mesmo com eventual alienação [venda] delas, não haverá prejuízo aos estudos em andamento. Inclusive, 20% do valor obtido será obrigatoriamente destinado a novos projetos de pesquisa e à modernização da infraestrutura das unidades existentes.
Mesmo com a redução do ICMS de 18% para 12%, a indústria de suco de laranja aponta perda de competividade. O governo avalia rever a medida?
Temos acompanhado com atenção os desafios enfrentados pelo setor da citricultura e da agroindústria de sucos. Em relação à questão tributária, temos diálogo com as principais entidades do setor, empresas processadoras, cooperativas e produtores rurais, com o objetivo de alinhar uma proposta de forma conjunta que beneficie a cadeia como um todo. Esse esforço contribuiu para que o Governo de SP, em março de 2025, prorrogasse a redução da base de cálculo do ICMS para o suco de laranja até 31 de dezembro de 2026, por meio do Decreto nº 69.421.
Quais os resultados iniciais do FIAGRO-FIDC e da linha de crédito Irriga+SP? Há previsão de novos aportes?
No caso da linha Irriga+ SP, a Desenvolve SP, duas grandes cooperativas já estão credenciadas, e uma terceira está em fase final de credenciamento. O objetivo é que a irrigação alcance 15% das áreas plantadas do território paulista até 2030. Atualmente, são cerca de 6%.
Além disso, três investimentos em fundos do agro já foram aprovados na Desenvolve SP. São R$ 150 milhões comprometidos, gerando cerca de R$ 275 milhões em recursos diretos e a expectativa de que mais R$ 250 milhões sejam adicionados indiretamente nas operações agro. Outros dois fundos estão em processo final de due diligence [investigação], para aprovação dos compromissos de investimento, totalizando, potencialmente, mais R$ 100 milhões.
No ano passado, queimadas severas afetaram diversos municípios paulistas e causaram prejuízos ao setor agropecuário. O que está sendo feito para prevenir novos incêndios na próxima seca?
Iniciamos, neste mês, a fase amarela da Operação SP Sem Fogo. Essa etapa antecipa o período mais crítico da estiagem e concentra as ações de prevenção e preparação. Para este ano, também tornamos mais duras as multas para quem provoca incêndios criminosos e aos produtores que não adotarem medidas de prevenção.
A Secretaria de Agricultura está participando das oficinas preparatórias para a Operação SP Sem Fogo, que são realizadas em 14 regiões do Estado. No último dia 11, em Sertãozinho, com o apoio da Unica [União da Indústria de Cana-de-Açúcar] e da Canaoeste [Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo], reunimos representantes do setor sucroenergético, autoridades ambientais e da Defesa Civil para discutir e fortalecer as ações. Como parte do Programa Município Agro, as brigadas municipais serão capacitadas pelo Corpo de Bombeiros em maio. Em junho e julho, a secretaria vai fazer capacitações voltadas aos produtores e lançar o Guia de Prevenção a Incêndios em Propriedades Rurais.
Quais são as prioridades do governo para a infraestrutura das áreas rurais?
Este mês, lançamos o “São Paulo pra Toda Obra”, com um investimento que soma R$ 30 bilhões para melhorias em rodovias públicas e concedidas. São mais de 1,5 mil obras que visam melhorar infraestrutura e segurança viária, geração de empregos e desenvolvimento econômico. Não se trata só de asfalto e máquinas, mas de pessoas que serão as principais beneficiadas com esse programa. É benefício para o produtor rural, que vai poder transportar sua produção com menos custos e transtornos. Aliada a essa iniciativa, temos o Programa de Logística Rural, que foi reformulado e iniciará a recuperação de uma série de estradas rurais. Serão mil quilômetros de estradas rurais recuperadas até 2026, além da construção de pontes metálicas, de concreto e de novos centros de distribuição e comércio de produtos agrícolas.
A digitalização no campo ainda enfrenta entraves por falta de conectividade. O que está sendo feito para ampliar o acesso à internet nas zonas rurais?
O aumento da conectividade rural será feito integrando programas como o Rotas Rurais e o SemeAr, além da instalação de antenas de internet. O Rotas Rurais, desenvolvido em parceria com o Google, já identificou mais de 350 mil propriedades e mapeou 55,9 mil quilômetros de estradas. Já o SemeAr promove soluções tecnológicas para pequenos e médios produtores, com foco em conectividade, IA, automação e rastreabilidade.
Há uma expectativa no setor pela criação de um museu da Agrishow, que reúna a história da feira e das tecnologias apresentadas. O governo apoia a iniciativa?
Temos uma boa relação com a Abimaq, entidade responsável pela organização da Agrishow. Quanto à criação do Museu da Agrishow, o governo analisará a proposta assim que ela for oficialmente apresentada. São Paulo é uma potência no agronegócio nacional, com uma trajetória marcada pela inovação e pelo pioneirismo. A partir da década de 1950, o estado promoveu a mecanização da agricultura, impulsionando o desenvolvimento de um parque industrial que hoje abriga empresas que são referência no setor no País.
Há negociações em andamento sobre a venda da área onde é realizada a Agrishow?
A área é de propriedade do Governo do Estado de São Paulo e foi cedida, por meio de permissão de uso, para a realização da Agrishow. A lei prevê o uso da área por 30 anos mediante o pagamento de uma contraprestação ao Estado. Neste ano, a área passou por uma série de melhorias, como a pavimentação das vias internas e outras benfeitorias que foram realizadas pela organização do evento. A possível venda da área não foi discutida.

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