Agropolítica

Fávaro propõe discussão mundial sobre regionalização e vacinação de aves contra influenza

Ministro ainda pontuou que países são dependentes da carne brasileira e uma restrição total ao Brasil poderia gerar problemas económicos mundo afora

O ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), Carlos Fávaro, aproveitou a visita a Paris, na França, para propor uma conferência global para discutir questões como a regionalização de embargos e a vacinação de frangos contra a gripe aviária. A sugestão foi dada à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). 

“Sugeri que, diante das crises sanitárias, a Organização Mundial de Saúde Animal comece a fazer discussões sobre a necessidade de regionalização. O Brasil é um continente e nem tudo que está acontecendo em algum estado do Brasil, em algum município, pode refletir e é reflexo daquilo que está acontecendo em outra região”, disse Fávaro nesta sexta-feira, 6, durante discurso na cerimônia que marcou a entrega oficial ao Brasil do certificado de país livre de febre aftosa

De acordo com o chefe da Agricultura, a proposta foi feita diretamente à diretora-geral da OMSA, Emmanuelle Soubeyran, e a ideia é que o Brasil promova essa conferência em 2026. “Como fui eu que sugeri a ela [Emmanuelle Soubeyran] esta conferência, ofereci também o Brasil, ofereci o estado do Paraná, a região de Foz do Iguaçu, que é uma região maravilhosa, um complexo turístico muito importante, dentro do estado que é o maior produtor de carne de aves do Brasil, para que possa fazer esse debate lá. Ela aceitou prontamente e nós vamos organizar isso para 2026”, explicou o ministro a jornalistas após a cerimônia em Paris. 

Ainda segundo Fávaro, esse encontro no próximo ano servirá “para discutir temas como a regionalização em caso de crises sanitárias”, além da “da possível implementação de vacinas na questão aviária” e formas para que não haja restrições comerciais nestes casos. “As crises sanitárias são cada vez mais recorrentes e cada vez mais danosas ao sistema, e precisam que as organizações também se modernizem”, destacou.

Dependência da carne brasileira

Na defesa por um modelo mais fácil de regionalização dos embargos, Fávaro também argumentou que isso se torna uma questão de segurança alimentar. Além disso, poderia provocar questões mais sérias nas economias mundo afora, de acordo com a análise do ministro.

“É importante também fazer a discussão no âmbito da Organização Mundial de Saúde Animal quanto à regionalização. Se o caso aconteceu em uma região, o Brasil é um continente. Não pode fechar o Brasil todo. Atrapalha as relações comerciais e também tem efeito colateral aqui fora. Porque outros países são muito dependentes da carne brasileira, compram muito. Isso gera inflação, se bloqueia o Brasil todo”, justificou o ministro.

A proposta da conferência, assim como as discussões por flexibilizações em possíveis embargos decorridos de crises sanitárias, acontece na esteira do primeiro caso de gripe aviária em granja comercial no Brasil. Conforme a lista mais atualizada divulgada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), 20 países e mais a União Europeia restringem as exportações de carne de frango de todo o Brasil.

A pasta tenta diminuir as restrições, mas a negociação acontece país a país e, protocolarmente, só deve iniciar após o período de vazio sanitário, que termina em 18 de junho. Alguns países como China e o bloco europeu já procuraram o Brasil para tratar da flexibilização, o que pode antecipar esse prazo nestas situações.