Faturamento previsto para a 30ª edição da feira, 10% maior que o do ano passado, é reflexo do otimismo do setor
A expectativa da organização da Agrishow 2025 de que a feira fature R$ 15 bilhões durante sua 30ª edição, de 28 de abril a 2 de maio, reflete o otimismo com a retomada do mercado de máquinas agrícolas — que, em 2024, registrou queda de 17,1% na comercialização.
A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) prevê, para 2025, um faturamento de R$ 65 bilhões para o segmento do agro, o que representaria um aumento de 8% na comparação com o ano passado. O índice é um pouco menor do que a alta projetada para a Agrishow, de 10,3% — um demonstrativo de que os negócios da feira geralmente são um termômetro do que vai acontecer ao longo do ano.
Segundo a Abimaq, a agropecuária representa 22% das vendas da indústria nacional de máquinas e equipamentos — quase uma em cada quatro. Para o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da entidade, Pedro Estevão, apesar de ser um percentual expressivo, há potencial para mais. “O agronegócio está em constante evolução, buscando mais eficiência e produtividade, ao mesmo tempo em que responde às crescentes demandas por práticas agrícolas sustentáveis”, afirma, em nota.
Nesse sentido, a evolução da tecnologia embarcada será, ainda conforme Estevão, um fator para impulsionar cada vez mais as vendas, tanto para o mercado interno quanto para o externo. “As máquinas agrícolas desempenham um papel crucial nesse processo [de busca pela sustentabilidade], já que otimizam o uso de recursos naturais, como água e energia, enquanto melhoram processos produtivos com foco na preservação ambiental”, complementa.
De olho nas oportunidades que a Agrishow oferece, os fabricantes costumam guardar suas principais novidades para anunciar durante a feira. A Solinftec, por exemplo, líder global em soluções de inteligência artificial, que apresentou, em edições anteriores, inovações como a Alice — plataforma que armazena informações do campo e responde dúvidas dos agricultores — e o Solix — robô 100% elétrico que aplica, sozinho, herbicidas nas lavouras, além de ajudar no controle de insetos –, prepara, desta vez, o lançamento da Estação de Refil, para permitir que o Solix funcione de forma totalmente autônoma em toda a safra.
Movida a energia solar, a estação decide, por meio de inteligência artificial (IA), o momento em que o robô deve ser recarregado e executa a tarefa sem a necessidade de intervenção humana. De acordo com Bruno Pavão, CRO (Chief Robotics Operation) da companhia, múltiplos robôs Solix podem ser reabastecidos simultaneamente, de forma ordenada também por IA.
Segundo a empresa, isso é possível mesmo nas operações denominadas “enxame” — em que várias unidades do Solix são mobilizadas de uma só vez para combater infestações em grandes áreas. A estação “entende” rapidamente a demanda e ajusta o abastecimento também de forma ágil.
“Em cada talhão, plantas específicas podem surgir, dependendo do estágio da cultura. Por isso, projetamos uma estação de recarga para permitir que o Solix tenha uma tomada de decisão mais assertiva sobre o momento de reabastecimento, com o foco em desempenho e ‘timing’ correto para que o produto chegue no alvo e realize a sua função”, diz Pavão.
A Valtra, que celebra 65 anos de atuação no Brasil, vai expor, além de sua mais nova linha de tratores, a plantadeira Valtra Momentum, que opera a partir de 18 linhas de plantio. A inovação nesta máquina, conforme a empresa, é que a carga é distribuída do chassi para as pontas, de forma que a deposição de sementes tenha profundidade homogênea.
Cláudio Esteves, diretor de Vendas da Valtra, afirma que a Agrishow é um dos momentos mais esperados do ano para a marca, pois coloca em evidência tecnologias que abrem caminhos para revolucionar o dia a dia no campo e também para estreitar contatos com os produtores.
Por isso, além dos lançamentos que estão sendo divulgados, ele garante que haverá mais um. Mas este, por enquanto, é segredo. Muito bem guardado. “É algo que vai complementar nosso portfólio e conferir mais potência e inovação tecnológica para as operações”, declara, reiterando o otimismo do setor.