Agricultura
Conheça o método que está salvando plantações de hortaliças na seca
Reúso de água não é só economia; é a garantia de que a agricultura brasileira terá hortaliças mesmo em tempos de escassez
Redação Agro Estadão*
26/12/2025 - 09:25

A agricultura brasileira enfrenta desafios crescentes relacionados à escassez hídrica e ao aumento da demanda por alimentos. Nesse cenário, o reúso de água surge como uma solução estratégica para garantir a produção sustentável de hortaliças.
A tecnologia desenvolvida pela Embrapa comprova que um sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças pode aumentar em 61% a eficiência no uso da água.
Esta abordagem integra benefícios ambientais e econômicos que transformam a realidade produtiva. Consequentemente, o sistema oferece maior resiliência aos produtores, especialmente durante períodos de seca prolongada.
Por que o sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças é essencial?
O reúso contribui diretamente para economizar água ao reduzir a pressão sobre rios, lagos e águas subterrâneas.
Segundo dados da Embrapa Agroindústria Tropical, o sistema desenvolvido mostrou que é possível produzir 18,6 quilos de tomate com apenas um metro cúbico de água, enquanto sistemas tradicionais sem reúso produzem apenas 11,5 quilos com a mesma quantidade. Além disso, o sistema reduz em 25% a quantidade de água usada na irrigação diária.
A diminuição do consumo de água na produção de hortaliças ajuda os sistemas agrícolas a resistir melhor aos períodos de seca. Por outro lado, estufas com área de 2.500 metros quadrados podem aproveitar a água da chuva junto com o sistema de reúso.
O volume de chuva captado do telhado da estufa foi suficiente para abastecer completamente dois ciclos de cultivo de tomate durante um ano inteiro.
O sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças gera economia significativa no longo prazo. Os estudos mostram redução de 29% no consumo de fertilizantes (adubos), o que representa uma economia de 900 quilos em um ciclo de cultivo de 180 dias.
Esta economia resulta em redução de 24% nos gastos com adubos, diminuindo a dependência de fatores externos como preço da água e aumentando a competitividade do produto final no mercado.
Fontes e tratamento da água para o reúso na horticultura

Diversas fontes para o sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças
As principais fontes de água para reúso incluem águas da chuva, coletadas através de sistemas de captação e guardadas em reservatórios chamados cisternas.
Águas cinzas (água usada em pias e chuveiros, que não contém material fecal) representam outra fonte importante, especialmente no sistema Bioágua desenvolvido pela Ematerce no Ceará.
Este sistema funciona reaproveitando a água doméstica, incluindo a água da pia de lavar louças, para irrigação por gotejamento na produção de hortaliças, frutas e plantas medicinais.
Efluentes domésticos tratados (esgoto que passou por tratamento) constituem a fonte mais promissora após o tratamento adequado.
O sistema ReAqua da Embrapa coleta a solução nutritiva que sobra de cultivos em estufas sem solo, direcionando essa água através de calhas para reservatórios específicos.
Além disso, pode-se aproveitar a água que escorre em sistemas hidropônicos (cultivo sem solo) e outras fontes complementares como água de ar-condicionado para pequenas produções.
Etapas essenciais de tratamento para reúso seguro
O processo de tratamento garantido pelo sistema da Embrapa acontece em etapas bem organizadas. Primeiro, a água usada passa por filtros de areia feitos com bombonas plásticas, brita e areia fina, funcionando com filtragem lenta de 100 a 250 litros por hora por metro quadrado.
Esta etapa remove sujeiras sólidas e parte da matéria orgânica (restos de plantas e outros materiais).
Depois, a água é processada em um esterilizador ultravioleta (equipamento que usa luz UV), que elimina micro-organismos como bactérias e fungos, garantindo que a água fique segura para uso.
O tratamento por luz UV representa uma tecnologia eficaz para limpar a água sem precisar adicionar produtos químicos. Dessa forma, o nível de tratamento varia conforme a origem da água e como ela será usada, sempre priorizando a segurança.
Implementação e melhores práticas de um sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças

Planejamento e design de um sistema eficaz
O planejamento cuidadoso é etapa fundamental para o sucesso do sistema. Inicialmente, deve-se calcular quanta água as hortaliças vão precisar, considerando as diferentes épocas do ano e tipos de cultivo.
A análise da qualidade da água de reúso determina que tipo de tratamento será necessário, enquanto a escolha da tecnologia mais adequada depende da quantidade de água a ser tratada e das características locais.
O dimensionamento correto dos componentes como reservatórios, bombas, tubulações e filtros garante que tudo funcione bem.
Portanto, consultar especialistas para um projeto otimizado evita problemas futuros e garante melhor retorno do investimento. A integração com sistemas de captação de água da chuva potencializa os resultados obtidos.
Métodos de irrigação e normas de segurança
A irrigação por gotejamento (sistema que aplica água gota a gota diretamente na raiz) representa o método mais seguro ao usar água de reúso em hortaliças.
O ideal é usar irrigação subsuperficial (embaixo da terra) ou microaspersão direcionada ao solo, evitando que a água tratada tenha contato com a parte da planta que será consumida.
Esta estratégia reduz riscos de contaminação e atende às exigências de segurança alimentar.
Deve-se evitar totalmente a irrigação por aspersão (que molha toda a planta) para hortaliças consumidas cruas, conforme recomendações de órgãos técnicos.
A norma NBR 13969:2022 estabelece regras para tratamento e qualidade da água, com Classe A recomendada para cultivos que têm contato direto com o produto.
O acompanhamento constante da qualidade da água de reúso assegura que tudo está dentro dos padrões estabelecidos pela legislação brasileira.
Manutenção e monitoramento contínuo
A eficácia e segurança do sistema de reúso de água na irrigação de hortaliças dependem de manutenção regular e organizada.
A limpeza e troca de filtros deve acontecer conforme um cronograma pré-estabelecido, verificando vazamentos e ajustando equipamentos periodicamente. O sistema UV precisa da substituição das lâmpadas conforme orientação do fabricante.
Análises laboratoriais periódicas da água tratada garantem que a qualidade permanece dentro dos limites seguros.
Consequentemente, o acompanhamento de pH (acidez), condutividade elétrica (concentração de sais) e presença de micro-organismos nocivos assegura a segurança dos alimentos.
Esta prática preventiva evita problemas de saúde e mantém a produtividade do sistema ao longo do tempo.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão
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