Pilar da indústria antiga, o cânhamo forneceu fibras essenciais para cordas, velas e papel na Marinha portuguesa e documentos oficiais
O cânhamo apresenta novas oportunidades para o agronegócio brasileiro, resgatando uma história rica, porém frequentemente esquecida, que remonta ao século XVIII em nosso país.
É importante esclarecer que, ao longo deste texto, quando nos referimos à cannabis, estamos falando do cânhamo industrial.
O cânhamo e a cannabis psicoativa são cultivares distintos da mesma planta, a Cannabis sativa, diferenciando-se principalmente pela composição de THC (tetrahidrocanabinol) e uso.
O cânhamo é uma planta com fins industriais e baixos níveis de THC, enquanto a cannabis psicoativa é utilizada para obter os efeitos do THC.
Este artigo explora a trajetória histórica do cultivo do cânhamo no Brasil, baseando-se principalmente no relatório do Instituto Ficus.
Nosso objetivo é mostrar sua importância em diferentes épocas e os desafios que impediram sua consolidação, fornecendo aos produtores rurais informações essenciais para compreender o contexto atual e futuro desta cultura.
A chegada do cânhamo ao território brasileiro remonta ao período colonial. As primeiras iniciativas de cultivo foram impulsionadas pela coroa portuguesa, que via na planta uma matéria-prima estratégica.
Posteriormente, o governo brasileiro independente continuou promovendo seu cultivo, visando a autossuficiência em materiais essenciais.
Regiões como Minas Gerais e Rio de Janeiro foram palco dessas tentativas de estabelecimento da cultura. O governo oferecia incentivos aos colonos para estimular o plantio, reconhecendo o potencial econômico e estratégico da planta.
No entanto, apesar desses esforços, o cultivo do cânhamo enfrentou diversos obstáculos ao longo da história brasileira.
Historicamente, a cannabis desempenhou um papel fundamental como matéria-prima estratégica. Suas fibras eram essenciais para a produção de cordas, velas e tecidos utilizados na Marinha e na navegação, setores vitais para Portugal e, consequentemente, para o Brasil colonial.
Além disso, era amplamente utilizada na fabricação de papel, especialmente para documentos oficiais da administração pública.
Sua versatilidade se estendia à produção de embalagens resistentes e sacarias, fundamentais para o transporte e armazenamento de produtos agrícolas como café, açúcar e algodão.
A robustez, durabilidade e versatilidade da fibra a tornavam superior a muitas outras opções da época para essas aplicações. Essas características faziam da cannabis um recurso valioso e estratégico para o desenvolvimento econômico e industrial do país.
Apesar de seu potencial, o cultivo do cânhamo no Brasil enfrentou diversos obstáculos que impediram sua prosperidade.
A dificuldade em mudar paradigmas culturais de cultivo foi um obstáculo significativo. A falta de conhecimento técnico específico entre os agricultores também contribuiu para a baixa adesão.
Adicionalmente, mesmo antes da criminalização formal, o estigma associado à planta pode ter atuado como um fator desmotivador indireto.
A ausência de sementes de qualidade adaptadas ao clima local foi um desafio considerável. Além disso, a falta de tecnologia adequada e eficiente para o beneficiamento da fibra, incluindo colheita, decorticação e processamento, tornava a produção cara e trabalhosa.
A escassez de mão de obra qualificada para as técnicas de beneficiamento agravava ainda mais essa situação.
Por fim, o alto custo de produção e processamento, somado à concorrência com fibras mais baratas como o algodão, que tinha processos de beneficiamento mais desenvolvidos, criava um cenário econômico desfavorável.
A falta de um mercado consumidor estruturado e consistente, aliada a políticas governamentais inconsistentes ou insuficientes para garantir a rentabilidade e a competitividade da cannabis, também contribuíram para seu insucesso.
O cenário global em relação ao cânhamo industrial tem mudado significativamente nos últimos anos, abrindo novas oportunidades para o Brasil.
O ressurgimento do interesse pelo cânhamo como uma cultura versátil e sustentável apresenta um potencial renovado para o agronegócio brasileiro.
É importante notar que o aprendizado com os erros e acertos do passado é fundamental para que o cultivo do cânhamo no Brasil possa se desenvolver de forma sustentável no futuro.
Os produtores rurais que consideram investir nesta cultura podem se beneficiar desse conhecimento histórico para evitar armadilhas passadas e aproveitar as novas oportunidades que se apresentam.
A compreensão dos desafios históricos, combinada com as tecnologias modernas e um ambiente regulatório ainda em evolução, pode pavimentar o caminho para um futuro promissor do cânhamo no Brasil.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão