De acordo com a Unica, Estado responde por mais da metade da produção nacional – das 345 usinas do País, 143 estão em São Paulo
Três em cada quatro municípios de São Paulo têm a economia movimentada diretamente pelo setor canavieiro, segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Das 645 cidades paulistas, 472 têm lavouras de cana e/ou usinas em operação – que, juntas, somam cerca de 6 milhões de hectares. São Paulo também responde por mais da metade da moagem no País. Na safra 2023/24, foram 385 milhões de toneladas, 54% dos 713 milhões processados no território nacional.
O crescimento é notável desde os anos 1950, quando a produção de cana paulista aumentou seis vezes. O principal impulso, porém, apareceu na década de 1970, com o Proálcool – o Programa Nacional do Álcool. A partir dos anos 2000, com a criação dos carros flex e a assinatura do Protocolo Agroambiental no Estado, prevendo a substituição da queima da cana pelo corte mecanizado, o setor iniciou uma relevante revolução tecnológica, conta o diretor de Inteligência Artificial da Unica, Luciano Rodrigues.
As perspectivas para o negócio são animadoras, com o uso do etanol como matéria-prima de combustíveis para descarbonizar outros setores, como o Sistema Agroflorestal (SAF), para a aviação, o biobunker, para os transportes marítimos, e o hidrogênio verde. Para isso, o desafio do setor será dobrar a produtividade dos canaviais em 20 anos – e, nesse cenário, o investimento em pesquisas é fundamental.
O Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), na Esalq, em Piracicaba, tem buscado decifrar o genoma completo de uma variedade de cana até 2026. O pesquisador Diego Maurício Riaño-Pachón, envolvido no projeto, explica que os estudos vão permitir identificar e selecionar os genes ligados à resistência a pragas e doenças, estresses ambientais, eficiência nutricional e o crescimento da planta – um dos objetivos da pesquisa é o desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar mais robustas e produtivas. Outro é conseguir encurtar o tempo necessário para que uma nova variedade seja disponibilizada aos produtores – o que acontece, geralmente, entre dez e 15 anos poderia cair para apenas cinco.
Somam-se aos avanços acadêmicos, segundo José Guilherme Nogueira, presidente da Organização das Associações de Cana do Brasil (Orplana), o incremento em tecnologia no campo e a busca por certificar a produção. A organização, que reúne 35 associações, considera que o projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados no último dia 19 de novembro, regulamentando o mercado de carbono, vai fomentar esses movimentos, pois abre a possibilidade de os produtores participarem da venda dos créditos obtidos com a redução de emissões desse gás na atmosfera.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.