Sustentabilidade
Como vacas em uma ilha deserta sobreviveram por 130 anos?
Vacas abandonadas no Oceano Índico desenvolvem comportamento selvagem por mais de um século até serem exterminadas em 2010

Redação Agro Estadão*
15/05/2025 - 08:00

Imagine um grupo de vacas em uma ilha deserta, se multiplicando por mais de um século em uma dos locais mais remotos do planeta, sem qualquer intervenção humana. Parece impossível?
Pois essa história extraordinária realmente aconteceu na Ilha de Amsterdã, localizada no sul do Oceano Índico. Por 130 anos, um rebanho bovino enfrentou condições extremas, adaptou-se e prosperou em um ambiente inóspito, desafiando todas as expectativas.
A saga de sobrevivência de vacas em uma ilha deserta
A jornada dessas vacas começou no final do século XIX, por volta de 1871, quando um fazendeiro da Ilha da Reunião, de sobrenome Heurtin, introduziu um pequeno grupo de cinco ou seis cabeças de gado na Ilha de Amsterdã (não confundir com a capital dos Países Baixos).
Posteriormente, esses animais foram abandonados devido às difíceis condições climáticas e ao isolamento extremo. A ilha fica a cerca de 3.400 km a sudoeste da Austrália.
A Ilha de Amsterdã, parte de um território francês no Oceano Índico, é conhecida por seu clima oceânico temperado, ventos fortes constantes e chuvas frequentes, especialmente no inverno.
Surpreendentemente, a ilha não possui fontes permanentes de água doce, o que torna a sobrevivência de grandes mamíferos ainda mais desafiadora.
Apesar dessas condições adversas, o pequeno grupo inicial de bovinos não apenas sobreviveu, como também se multiplicou de forma impressionante. Ao longo das décadas, a população chegou a quase 2.000 animais, completamente isolados e sem qualquer assistência humana.
Essa história notável de adaptação e resiliência desafia nossa compreensão sobre a capacidade de sobrevivência dos animais domésticos em ambientes selvagens.
Como foi possível que vacas em uma ilha deserta sobrevivessem por 130 anos?
A sobrevivência e proliferação dessas vacas em uma ilha deserta é um testemunho da incrível capacidade de adaptação desses animais. Enfrentando um ambiente hostil, com recursos limitados e sem qualquer suporte humano, esses bovinos passaram por um processo conhecido como “feralização”.
Esse fenômeno ocorre quando animais domésticos retornam a um estado selvagem, readquirindo comportamentos e características físicas adequadas à vida sem interferência humana.
Além do completo isolamento geográfico, eles tiveram que lidar com a ausência total de manejo humano. Isso significa que não havia suplementação alimentar, cuidados veterinários ou abrigos construídos.
Os animais dependiam exclusivamente dos recursos naturais disponíveis na ilha, que eram escassos e pouco familiares para bovinos domesticados.
Ao longo do tempo, o rebanho desenvolveu adaptações comportamentais cruciais. Os cientistas que se dedicaram a estudar as vacas que sobreviveram na ilha observaram o surgimento de uma organização social complexa, com a formação de grupos matrilineares e grupos de machos.
Além disso, houve um aumento notável na ferocidade dos animais, uma característica essencial para a sobrevivência em um ambiente selvagem.
As adaptações fisiológicas também desempenharam um papel fundamental no processo de feralização. Mudanças no sistema nervoso dos animais foram particularmente importantes, permitindo que eles respondessem de maneira mais eficaz aos desafios do ambiente.
Curiosamente, ao contrário do que se poderia esperar, não houve uma redução significativa no tamanho dos animais ao longo das gerações.
A luta diária pela sobrevivência

A sobrevivência diária das vacas na Ilha de Amsterdã exigia estratégias inovadoras para obtenção de alimento e água. Embora a ilha não possua cursos de água permanentes, é provável que os animais tenham desenvolvido métodos para aproveitar a água da chuva e outras fontes temporárias.
Sua dieta provavelmente se adaptou para incluir a vegetação local disponível, que poderia ser muito diferente das pastagens típicas de bovinos domesticados.
As vacas tiveram que suportar períodos de escassez de recursos e enfrentar condições climáticas adversas, como ventos fortes e chuvas intensas.
Essa capacidade de otimizar a busca por recursos em um território isolado e inóspito é um testemunho da extraordinária adaptabilidade desses bovinos.
Em 2010, ironicamente declarado o Ano Internacional da Biodiversidade, as autoridades ambientais francesas tomaram a controversa decisão de erradicar completamente o rebanho.
Esta decisão foi fundamentada na necessidade de restauração ecológica da ilha e nas recomendações de órgãos, como a UNESCO, para a preservação da biodiversidade local.
A Ilha de Amsterdã, afinal, faz parte de uma reserva natural, sendo considerada Patrimônio Mundial.
Por fim, a história dessas vacas destaca a importância da diversidade genética e da seleção de raças e indivíduos que demonstrem alta capacidade de adaptação às condições ambientais específicas de cada propriedade rural.
A observação do comportamento e das estratégias de sobrevivência de animais em estado selvagem, como as vacas da Ilha de Amsterdã, pode inspirar práticas de manejo mais eficientes e resilientes.
Isso é particularmente relevante para produtores que trabalham em ambientes desafiadores, como regiões com climas extremos, pastagens de baixa qualidade ou escassez hídrica.
*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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