Comercialização só é permitida para pinhões maduros, com fiscalização para garantir a preservação da araucária e segurança alimentar
A temporada de colheita do pinhão foi aberta oficialmente nesta terça-feira, 01, nos três estados da região Sul do país.
No Paraná, o Instituto Água e Terra (IAT), vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest), autorizou a colheita, venda, transporte e armazenamento da semente. No entanto, apenas os pinhões que tiverem atingido a maturação completa poderão ser comercializados. Em caso de descumprimento da norma, a multa será de R$ 300 para cada 50 quilos apreendidos (ou fração equivalente), além da responsabilização por crime ambiental.
As regras e instruções para a comercialização do pinhão nas cidades paranaenses estão estabelecidas na Portaria IAP nº 046/2015. O objetivo é equilibrar a geração de renda com a preservação da araucária, espécie ameaçada de extinção.
As pinhas imaturas possuem casca esbranquiçada e alto teor de umidade, condições que favorecem o crescimento de fungos e tornam o alimento potencialmente tóxico para o consumo humano. Se ingerido nessas condições, pode causar problemas de saúde, como má digestão, náuseas e episódios de constipação intestinal. A safra tem início em abril e, geralmente, se estende até junho.
A engenheira florestal do IAT, Lauren Soares Silva, também destaca que não é permitida a venda de pinhões trazidos de outros estados. “Qualquer irregularidade deve ser denunciada pela população para que possamos garantir a preservação desta árvore tão importante e que está ameaçada de extinção”, diz em nota.
A fiscalização é feita pelos agentes do IAT e pelo Batalhão de Polícia Ambiental — Força Verde (BPAmb-FV). As denúncias podem ser encaminhadas à Ouvidoria do IAT, aos escritórios regionais, pelos telefones (41) 3213-3466 e (41) 3213-3873 ou 0800-643-0304 e, ainda, à Polícia Ambiental (41) 3299-1350.
A cadeia produtiva do pinhão no Paraná movimentou R$ 22,4 milhões em 2023, segundo dados mais recentes da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab). As regiões central, Sul e Sudoeste do estado concentram o maior volume da produção.
Pelos próximos três meses, virá das araucárias uma importante fonte de renda para milhares de catarinenses. A Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) estima que cerca de dez mil famílias, distribuídas nos 18 municípios da região serrana, têm o pinhão na composição de renda. A safra deste ano deve resultar em aproximadamente 4,5 mil toneladas de pinhão, 35% a menos que no ano passado.
No Rio Grande do Sul, uma campanha busca proteger a semente da araucária na região da Rota do Sol, estrada que liga o extremo oeste do estado até o Litoral Norte gaúcho. Para disseminar as informações sobre o período da colheita autorizada no RS, a iniciativa fez a distribuição de banners em locais estratégicos da rodovia, como postos de gasolina, restaurantes e escolas.
A campanha é do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), vinculado à Secretaria de Logística e Transportes (Selt), que lembra que o pinhão também serve de alimento para cerca de 70 espécies de animais.