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Genética será foco da segunda etapa de projeto de bem-estar animal da Danone

Em uma das propriedades modelo do Fazenda Tudo de Bem, os animais escutam música clássica e recebem abraços

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Sabrina Nascimento | São Paulo

03/01/2025 - 05:30

Treinamento a campo na primeira fase do programa Fazenda Tudo de Bem da Danone. Foto: Danone/Divulgação
Treinamento a campo na primeira fase do programa Fazenda Tudo de Bem da Danone. Foto: Danone/Divulgação

A Danone, multinacional francesa líder do setor de laticínios, concluiu o mapeamento das necessidades de bem-estar animal em 98% de suas fazendas parceiras no Brasil. A ação faz parte da conclusão da primeira fase do programa Fazenda Tudo de Bem, lançado há um ano. Nesta etapa, os investimentos totais foram de R$ 3 milhões com o objetivo de atingir uma padronização das ações de boas práticas nas cadeias produtivas da pecuária leiteira.  

O diagnóstico das fazendas teve como base cinco pilares do bem-estar animal: nutrição, ambiente, saúde, comportamento e estado mental dos animais. Assim, a companhia pode entender as necessidades de cada propriedade e criou um check list de ações a serem implementadas.

Após a identificação das melhorias necessárias, nesse primeiro ano, o projeto piloto ofereceu assistência técnica a 20% das fazendas (45 das 202 propriedades avaliadas) localizadas na bacia leiteira de Minas Gerais, onde a Danone tem sua atuação concentrada totalmente.

“Temos ações macro e individuais dentro desse processo para avançar com a transformação dessas fazendas nesse tema de bem-estar animal”, disse Leonardo Siman, gerente de compras de leite da Danone, com exclusividade ao Agro Estadão. Além da parte presencial, outros conteúdos, como vídeos, foram disponibilizados aos produtores através de uma plataforma elaborada em parceria com a startup Já Entendi, especializada em criar soluções em educação corporativa. 

No processo inicial da assistência técnica, a colostragem, o aleitamento e os cuidados com os bezerros foram os focos principais das análises. A etapa foi fundamental para estabelecer boas práticas e organizar procedimentos dentro das propriedades, com o objetivo de evoluir com as próximas fases do programa.

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Conforme explica Henrique Borges, diretor de compras da Danone, sem ter a estrutura básica de manejo dentro das fazendas, não seria possível evoluir com a implementação da parte genética. “A gente trabalhou, exatamente, nessa base, estruturou isso e agora vamos entrar com o apoio de genética de sêmen sexado em 2025. […] Nós não entramos com genética no primeiro ano porque se você coloca genética sem ter estrutura, não consegue desenvolver todo o potencial”, afirma Borges. 

Além do trabalho com genética em 2025, a Danone também vai ampliar para 30% a participação das fazendas no projeto piloto. Neste caso, como será o primeiro ano das novas propriedades, elas vão receber a assistência técnica antes de avançar para a etapa de melhoramento genético. Os investimentos para o segundo ano do Fazenda Tudo de Bem também devem ser ampliados. Como o orçamento está em fase de aprovação, os executivos preferiram não comentar.

As ações da Fazenda Tudo de Bem da Danone são desenvolvidas em parceria com a Be.Animal, a Embrapa Gado de Leite e a F&S Consulting. Conforme a Danone, as informações levantadas em campo e implementadas nas fazendas estarão à disposição de outras empresas para que as práticas sejam replicadas. 

Animais escutam música clássica em fazenda modelo

É em Ilicínea, no sul de Minas Gerais, que está localizada uma das 45 propriedades que fazem parte do projeto piloto do Fazenda Tudo de Bem da Danone. A Fazenda Santa Rosa é considerada uma referência.   

Ao Agro Estadão, a produtora Rejane Maria de Oliveira Pinheiro, informou que a propriedade é considerada um modelo às demais. Com índice de mortalidade de animais que já chegou a 20%, após a adoção de práticas de bem-estar animal a taxa foi reduzida para 4% em 2022, e apenas 1% em 2023. 

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Atualmente, com 400 animais, são produzidos cinco mil litros de leite por dia. O resultado é fruto de uma gestão inovadora, iniciada em 2020. Após passar por um tratamento de câncer de mama durante a pandemia de Covid-19, a criadora decidiu abandonar a profissão de farmacêutica, deixar a cidade e se mudar para a fazenda. A família já estava no ramo da pecuária leiteira desde 2002, no entanto, Rejane preferia deixar os negócios com o esposo, enquanto cuidava de sua farmácia. 

Com a mudança definitiva para o interior, a produtora começou a se envolver aos poucos nos negócios, sempre com respeito, conforme ela frisa. “Eu comecei indo para o bezerreiro, que era uma bagunça. Mas, eu sempre fui com humildade, porque eu tinha que respeitar e aprender com quem chegou lá antes de mim. Então, eu pedia para meus colaboradores: ‘eu posso lavar as vasilhinhas de água? O senhor me ensina a colocar ração?’. Assim, eu fui entrando devagar”, comenta. 

Hoje, reuniões diárias são realizadas, com cafés e conversas abertas fortalecendo os laços com os colaboradores. “A gente senta junto, lancha, toma café e come pão com manteiga e conversa. Eu passo mais tempo com eles [colaboradores] do que com a minha família”, diz a Rejane. 

Colaboradores da Fazenda Santa Rosa, em Ilicínea, no Sul de Minas Gerais. Foto: Arquivo pessoal

No início das mudanças, foram os colaboradores da fazenda que ajudaram a produtora. A primeira ação adotada na fazenda foi trocar os baldes dos bezerros. Durante um dos inúmeros cursos que a produtora fez, ela descobriu que os suportes de alimentação dos animais tinham que ficar a uma altura de 60 centímetros do chão. E com a ajuda de um dos colaboradores, Rejane fez esse ajuste. “Depois, eu chamei o meu marido para ver o resultado. Quando ele chegou e viu os rabinhos dos bezerros balançando, ele percebeu que eles estavam felizes, porque o rabinho balançando é sinal de que tudo está indo bem”, diz Pinheiro. 

Além disso, aos poucos, a infraestrutura também foi repensada. Hoje, há casinhas suspensas em piquetes individuais, pisos cimentados para evitar contaminações e barreiras naturais, como cortinas de bambu, que protegem as bezerras contra ventos e chuvas, pois, segundo a produtora, faz muito frio na região. 

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Há uma atenção especial ainda para a etapa de colostragem. Quando o animal nasce, ele recebe o colostro em menos de duas horas, com uma quantidade equivalente a 10% do peso de nascimento do animal. Esse procedimento é “inegociável”, de acordo com Rejane.  Depois de seis horas, uma nova dose é oferecida, desta vez, com 5% do peso. Em todos os casos, o colostro é descongelado em uma marmiteira com temperatura de 50 graus, ideal para não perder as imunoglobulinas. 

Também são implementados protocolos rigorosos de vacinação, controle antiparasitário e até fisioterapia para os animais que nascem com dificuldades. “Para mim, cada bezerra e bezerro tem a sua individualidade. Então, têm bezerra que gosta de carinho, têm bezerra que gosta da massagem, tem outra que gosta do skincare que a gente faz com elas, já tem outra que não gosta de ser tocada. Então, cada uma é respeitada, como um ser humano”, enfatiza. 

Além do mais, os animais também escutam música. Ao menos uma vez ao dia, canções do pianista Richard Clayderman são tocadas. Em um caso especial, por exemplo, quando a bezerra “xodó” de Rejane foi inseminada, a produtora colocou para tocar a música Reconvexo, da cantora Maria Bethânia. “Tem a 819, que é a minha rainha, porque eu consegui recuperar a perna dela com fisioterapia. […] Eu mandei traçar a genética, ela foi inseminada e hoje está grávida de quase 200 dias”, detalha a criadora.  

A produtora espera agora o segundo ano do Fazenda Tudo de Bem para avançar com o melhoramento genético na propriedade. 

Pecuária e agricultura regenerativa como pilares

A Fazenda Tudo de Bem integra o programa Jornada Flora da Danone, que busca criar um tripé em que o produtor seja bem remunerado, os recursos naturais sejam preservados e os animais recebam cuidados adequados. 

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Entre 2020 e 2023, o programa reduziu em 47% as emissões de gases poluentes, alcançou 20% de produção de leite baixo carbono e aumentou em 9% os ganhos diários de produtividade. O uso de antibióticos nas fazendas parceiras também foi reduzido em 43%. 

“Bem-estar animal é um pilar da agricultura regenerativa. Não dá para a gente produzir emitindo pouco gás de efeito estufa, o produtor ganhar dinheiro, mas sem ter os animais considerados no centro da estratégia de produção de leite”, pontua Siman.

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