Sustentabilidade
Danone e Banco do Brasil dobram crédito para leite no Plano Safra 25/26
Serão disponibilizados R$ 100 milhões em linhas de custeio e investimento, com juros entre 6,8% a 8,4% ao ano, para quem produz para a empresa
Sabrina Nascimento* | Poços de Caldas (MG) | Atualizado no dia 15/05/2025 às 13h45
14/05/2025 - 08:00

A Danone e o Banco do Brasil renovaram e dobraram a aposta para o Plano Safra 2025/26. No novo ciclo, que se iniciará em 1º de julho, serão disponibilizados R$ 100 milhões em crédito especial para custeio e investimento aos produtores de leite da companhia. O valor é o dobro da temporada anterior (R$ 50 milhões), quando os juros ofertados estavam entre 6,8% a 8,4% ao ano e carência de 10 anos. Com a alta da Selic, deve haver reajuste nos juros, mas a taxa ainda não foi definida.
A iniciativa integra a Jornada Flora — programa de agricultura regenerativa da Danone —, que busca apoiar a transição para práticas mais sustentáveis na cadeia do leite, com atenção à descarbonização, ao bem-estar animal e ao impacto social no campo. Em 2024, foram liberados R$ 52 milhões em crédito por meio do convênio, beneficiando 102 projetos.
Um dos produtores atendidos é Aureo Cássio de Carvalho, proprietário do Sítio Cachoeira das Antas, em Santa Rita de Caldas (MG). Segundo ele, a linha de crédito foi decisiva para viabilizar a construção de um novo barracão na propriedade. “Sem o crédito, não teria feito o ponto de ordenha e não teria obtido o ganho de produtividade”, ressaltou. De acordo com ele, a ampliação da estrutura viabilizou o aumento de produção: três litros a mais por vaca, gerando 180 litros a mais por dia.



Formalização da cadeia
Com a promoção da agricultura regenerativa, entre 2020 a 2024, a Danone Brasil reduziu em 42% as emissões de metano nas propriedades participantes da Jornada Flora.
Além da assistência técnica, o diferencial do programa está na formalização da relação entre a indústria e os produtores, com contratos de fornecimento que oferecem previsibilidade e segurança financeira — fatores considerados fundamentais para o acesso ao crédito rural. “É uma cadeia ainda marcada por informalidade. O contrato muda esse cenário, pois permite ao produtor acessar tipos de financiamento que exigem vínculo formal com a indústria”, afirma Mário Rezende, vice-presidente de Sustentabilidade e Operações da Danone.
Segundo Camilo Wittica, vice-presidente de Assuntos Jurídicos da Danone Brasil, a formalização contratual com os produtores é uma prática rara no setor e tem impacto direto na viabilidade dos investimentos nas propriedades. “Quando o produtor tem um contrato em mãos garantindo volume e prazo de compra, isso representa garantia de renda e fluxo de caixa. Ele passa a ter acesso a crédito com condições muito mais vantajosas. Isso muda o jogo”, diz Wittica. “Sem o crédito o produtor não consegue crescer. Não consegue ter equipamento, nem tecnologia. Então, esse detalhe parece irrelevante, mas não é”, complementa.
Segundo a Danone, os contratos firmados entre a companhia e os produtores de leite costumam ter duração de pelo menos 24 meses. Os preços são indexados a indicadores de mercado e revistos ao fim de cada ciclo. Além do mais, conta com cláusula de saída, caso uma das partes opte por encerrar a parceria.
*jornalista viajou a convite da Danone Brasil
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