Receita líquida da maior produtora de biodiesel do Brasil somou R$ 7,3 bilhões no ano
A Be8, maior produtora de biodiesel do Brasil, com sede em Passo Fundo (RS), encerrou 2024 com Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 599,3 milhões, o maior da sua história, e crescimento de 74% na comparação com 2023. A receita líquida somou R$ 7,3 bilhões no ano, impulsionada pelo aumento da mistura obrigatória de biodiesel ao diesel fóssil, que chegou a 14%.
Os dados constam no Relato Integrado 2024, divulgado nesta terça-feira, quando a empresa completa 20 anos de fundação. “Em 20 anos, partimos de um sonho para chegar à liderança”, afirmou o presidente da empresa, Erasmo Carlos Battistella, em nota. “Mesmo em um cenário desafiador, pudemos apurar os melhores resultados financeiros e mantivemos a liderança no mercado brasileiro, com a produção de mais de 900 milhões de litros de biodiesel.”
A companhia ampliou sua capacidade produtiva com a aquisição de três usinas da Biopar em Mato Grosso, Piauí e Pará, elevando sua capacidade instalada em 35,6%, para 1,47 bilhão de litros de biodiesel por ano. A operação foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em janeiro.
Para financiar parte de suas operações, a empresa captou R$ 200 milhões por meio de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA). Entre os projetos em andamento estão a construção de uma usina de etanol em Passo Fundo, com início de operação previsto para 2026, e o desenvolvimento do complexo Omega Green no Paraguai, com investimento anunciado de US$ 1 bilhão e previsão de começar a operar em 2028.
A Be8 também iniciou a produção do Be8 BeVant®, combustível que, segundo a empresa, pode substituir integralmente o diesel convencional com redução de 90% nas emissões. O produto está em fase de testes em parceiros como John Deere, Gerdau e Aeroporto de Congonhas.
Em relação às práticas ambientais, a companhia informou ter superado em 10,7% sua meta anual de redução de emissões de gases de efeito estufa. Entre as medidas adotadas estão a compra de certificados de energia renovável para a unidade de Marialva (PR), melhorias no sistema de tratamento de efluentes e redução no uso de cavaco de madeira nas caldeiras.
A empresa também implementou sistemas de rastreabilidade para seus insumos. De acordo com o relatório, 100% do cavaco utilizado nas caldeiras foi rastreado, ante 40% no ano anterior, e sistemas de geoprocessamento foram implementados para verificar a origem da soja processada. Do total de matéria-prima para biodiesel usada em 2024, 43% vieram da agricultura familiar, seguindo os critérios do programa Selo Biocombustível Social. A empresa também distribuiu 32.100 Créditos de Descarbonização (CBIOs) a 95 fornecedores, um aumento de 134% em relação ao ano anterior.
A aprovação da Lei do Combustível do Futuro em 2024 foi destacada pela empresa como fator positivo para o setor. “Com a implementação dessa lei, que criou um cronograma de aumentos escalonados até 20% em 2030, a Be8 ganha maior previsibilidade para investir em suas operações”, afirmou Battistella.