Ferramenta simula diferentes condições de aplicação, como direção do vento, tipos de pontas de pulverização e tamanho das gotas
Diante de novos prejuízos causados pela deriva de herbicidas hormonais, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul instalou uma subcomissão para tratar sobre o uso desses produtos nas cadeias produtivas do estado. A medida, tomada em abril, atende a uma demanda do setor agrícola gaúcho.
Neste cenário, a empresa Corteva Agriscience tem promovido treinamentos com um simulador de deriva para capacitar os produtores sobre o uso correto de defensivos agrícolas. Só em 2024, a área de Boas Práticas Agrícolas da empresa, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu, no centro-sul paulista, capacitou mais de 5.500 profissionais de todo o Brasil.
Ao Agro Estadão, o coordenador de Boas Práticas Agrícolas da Corteva Agriscience, Jair Francisco Maggioni, explicou que o simulador de deriva é uma ferramenta que demonstra, na prática, as diferentes condições para aplicação de defensivos na lavoura, como vento, tipos de pontas de pulverização, tamanho e categorias das gotas. Dessa forma, o equipamento ajuda a identificar e corrigir antecipadamente eventualidades que ocorram na aplicação.
“O simulador leva conhecimento sobre a escolha correta das pontas de pulverização para gerar gotas do tamanho ideal para cada condição de aplicação; a importância de respeitar as condições climáticas, como temperatura, umidade do ar e, principalmente, vento, para o defensivo atingir o alvo desejado e não causar deriva; e a necessidade de seguir tanto as orientações da bula específica de cada produto quanto as regulamentações legais de aplicação”, ressalta o coordenador.
O produtor rural, Leandro José Schons, participou do treinamento com o simulador de deriva no início deste ano, na estação da Cotrijal em Victor Graeff, no norte do Rio Grande do Sul. Para ele, a capacitação foi essencial, já que ele utiliza herbicidas hormonais em suas lavouras de soja e milho.
“O treinamento foi muito bom. Primeiro, eles explicaram na teoria como tudo funciona. Depois mostraram o bico de pulverização e alguns exemplares explodidos. E depois vimos na prática o simulador funcionando com água, claro. Como a deriva atinge as plantações, o que cada bico faz”, detalhou à reportagem.
Outro aprendizado destacado pelo produtor foi o uso adequado dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). “Aprendi que existe uma ordem cronológica para colocar os EPIs. Antes, colocávamos tudo de uma vez, sem seguir uma sequência. Mas agora sei que há uma forma correta de colocar e retirar cada item. Eu não sabia disso”, ressalta.
Além disso, os técnicos da Corteva orientaram os produtores sobre a correta manutenção dos equipamentos utilizados na aplicação dos herbicidas hormonais.
Segundo Jair Maggioni, o simulador de deriva não é comercializado. O equipamento foi desenvolvido pela Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais da Universidade Estadual Paulista (Unesp/Fepaf), em Botucatu.
“Ele é utilizado exclusivamente nos treinamentos e capacitações promovidos pela área de Boas Práticas Agrícolas da Corteva, estando presente em feiras agrícolas — como foi o caso da Expodireto — das quais a empresa participa e nos treinamentos itinerantes realizados em todo o Brasil”, afirma.