Homologação ocorreu após processo de reconhecimento do MAPA, agora animais integram o registro genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos
Após 15 anos de espera, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) homologou a raça Soinga, tornando oficial o registro da raça desses ovinos adaptados ao semiárido nordestino. Antes classificados apenas como um ecótipo, que são adaptáveis a diferentes habitats, os animais agora integram o registro genealógico da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco).
A Soinga surgiu a partir do cruzamento das raças Somalis Brasileiro, Morada Nova e Bergamácia Brasileira, tendo sua origem na Fazenda Xique-Xique, em Ingazeira, em Pernambuco. Hoje, o Rio Grande do Norte concentra o maior número de criadores e rebanho, com mais de 4 mil animais distribuídos entre 40 produtores. A raça também está presente na Bahia, no Rio de Janeiro e em Pernambuco.
O processo de reconhecimento da raça passou por diversas etapas e exigências do Mapa desde 2008. Segundo a superintendente de Registro Genealógico da Arco, Magali Moura, a homologação só foi possível com o avanço dos estudos genéticos e a consolidação de um padrão racial. “Com o mapeamento genético e o trabalho com genômica, se conseguiu mais estudos em cima desse grupo e com esses novos dados de produção e também a genômica a gente conseguiu que eles verificassem quem são estes indivíduos e com esse volume de animais que já temos dentro da raça, o ministério aceitou”, relata Moura em nota.
Criadora e inspetora técnica da Arco, Karoline Lopes destaca a rusticidade e a capacidade de adaptação da Soinga, que demonstra resistência até em períodos de seca intensa. “A gente teve uma seca bem braba agora na fazenda e por incrível que pareça só quem não perdeu peso, quem pariu bem, quem criou os borreguinhos, foi a raça Soinga. É uma raça muito apta para a região e ao longo do tempo a gente conseguiu formar um padrão”, detalha Lopes. Os ovinos, caracterizados pelo corpo branco e cabeça preta, são reconhecidos pela alta habilidade materna, além de serem aptos para produção de carne e couro. Os machos podem atingir de 40 a 70 quilos, enquanto as fêmeas variam entre 40 e 60 quilos.
Com a oficialização da Soinga, a Arco passa a registrar um total de 32 raças de ovinos no Brasil.