Conheça o pecuarista que apostou na sustentabilidade para criar boi na Amazônia e sonha em mudar a vida das pessoas com “carne mais barata”
Com o aprendizado que veio do pai, Mauro Lúcio adotou o lema: “o que importa é a biodiversidade”. Criador de gado de corte no Pará, o pecuarista já chegou a ter 20 cabeças por hectare em apenas 1% da área de 500 hectares. Em 2000, quando nem conhecia o conceito de rastreabilidade, ele começou a trabalhar com identificação de animais.
Antes mesmo de aprender a rastrear o boi, Mauro Lúcio desenvolveu uma ferramenta para monitorar o frigorífico que vendia o seu produto. “O importante para mim era saber quais eram os meus melhores fornecedores, para então, cuidar da minha produção”, revela ao Agro Estadão. “Sou contra o desmatamento, sempre fiz tudo certinho, com excelência, tratando bem dos animais e da natureza”, completa.
O pecuarista destaca os quatro pilares que adota para ter lucro com a pecuária de corte. “Ganho de peso diário, taxa de lotação, custo por cabeça de gado e comercialização”. Mas a maior dica – ou fórmula, como ele diz – é conhecer o animal.
“Conhecendo individualmente meus animais, vou saber quais são os melhores e, assim, poder vender, proliferar, fazer a transferência de embrião ou sêmen dos que forem melhores”, revela um Mauro Lucio entusiasmado pelo tema.
Além disso, cuidar bem do local onde se cria os melhores animais também faz parte da estratégia. “Recuperar pasto, fazer a rotação correta, ter o melhor capim. Porque contar com a chuva só quatro vezes por ano é um problema”, calcula. Ele cita como exemplo a fazenda Madressilva, em Benevides (PA). A propriedade de 900 hectares tem 80% de capim Tangola e luta para manter a qualidade tendo como vilãs a cigarrinha e a falta de chuvas.
Foi nesta fazenda que o pecuarista, conhecido como “o rei da Pecuária na Amazônia” contou ao Agro Estadão que, depois de tantos anos aprendendo, chegou a hora de ensinar. Segundo ele, a assistência técnica e capacitação profissional são os caminhos para atingir os melhores resultados. Por isso, há seis meses, ele estuda e revisa tudo o que aprendeu na prática para passar adiante. “Eu quero usar a pecuária para mudar a vida das pessoas, produzir carne mais barata”.
*Jornalista viajou para Benevides (PA) a convite da Fundação Dom Cabral
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