Gente

Dono de um som único, descubra de onde vem o berrante

O berrante é feito tradicionalmente de chifre de boi e é símbolo da comunicação na vida rural

Imagine o silêncio da manhã, o sol nascendo e de repente surge um som único e poderoso. É o chamado do berrante, um instrumento que ecoa através dos campos e conta histórias de tradição, trabalho e cultura. 

Mais do que uma simples ferramenta, o berrante é um símbolo vivo do Brasil rural, carregando em suas notas a essência da vida no campo. 

Afinal, de onde vem o berrante?

O berrante, em sua forma mais tradicional, nasce da própria natureza, sendo confeccionado a partir do chifre do boi

Um subproduto da pecuária transformado em um instrumento de comunicação e expressão cultural. 

O processo de fabricação do berrante é uma arte em si, passada de geração em geração por artesãos habilidosos.

A criação de um berrante começa com a seleção cuidadosa do chifre, preferencialmente de bois de raças como o Pedreiro, conhecidos por seus chifres longos que podem chegar a impressionantes 1,50 metros. 

O artesão, então, inicia um processo meticuloso de limpeza e preparação do chifre, removendo a parte interna e polindo a superfície externa. Com ferramentas simples como facas, lixas e fogo, o chifre é moldado e afinado para produzir o som desejado.

A tradição do berrante é especialmente forte em regiões como Goiás, Triângulo Mineiro e Mato Grosso, áreas historicamente ligadas à pecuária e ao tropeirismo. 

No entanto, é interessante notar que instrumentos similares podem ser encontrados em diversas culturas ao redor do mundo, incluindo os camponeses do Minho, em Portugal, sugerindo uma conexão ancestral entre o homem e este tipo de instrumento de sopro.

A evolução do berrante ao longo do tempo

Ao longo dos anos, o berrante passou por uma evolução significativa, adaptando-se às mudanças na sociedade rural e expandindo seu papel além da comunicação entre boiadeiros – Foto: Adobe Stock

Embora o chifre de boi continue sendo o material tradicional e preferido, a escassez de chifres longos levou à experimentação de outros materiais. Alguns artesãos começaram a utilizar chifres de outros animais, como o búfalo, ou até mesmo madeira e metal para criar instrumentos similares, mantendo a essência sonora do berrante original.

O design do berrante também se adaptou para atender a diferentes finalidades. Inicialmente usado principalmente para comunicação entre boiadeiros e para conduzir o gado, o instrumento ganhou novos propósitos:

Sinalização: Em fazendas maiores, diferentes tipos de toques de berrante foram desenvolvidos para sinalizar diversos eventos, como o início e o fim do dia de trabalho, ou a chegada de visitantes.

Comunicação: O berrante se tornou um meio de comunicação de longa distância em áreas rurais, especialmente antes da popularização dos rádios e telefones.

Música: Com o tempo, o berrante transcendeu sua função utilitária e se tornou um instrumento musical, sendo incorporado em performances de música sertaneja e folclórica.

A influência de diferentes culturas também deixou sua marca na evolução do berrante. A mistura de tradições indígenas, africanas e europeias no Brasil colonial contribuiu para a diversificação dos usos e significados culturais do instrumento. 

Por exemplo, em algumas regiões, o berrante ganhou conotações religiosas, sendo usado em festividades e rituais locais.

Hoje, o berrante não é apenas um instrumento funcional, mas um símbolo cultural poderoso. 

Ele aparece em apresentações de música sertaneja, em competições de tocadores de berrante, e até mesmo como item decorativo, representando a conexão com as raízes rurais do Brasil.

Esta evolução demonstra como um simples instrumento pode se adaptar e ganhar novos significados, mantendo-se relevante através das gerações e conectando o passado ao presente da cultura rural brasileira.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão