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Bolsa de Café chega aos 103 anos em Santos; veja a história e fotos
Símbolo da prosperidade cafeeira, prédio histórico guarda memórias do mercado e hoje abriga o Museu do Café

Paloma Santos | Brasília | paloma.santos@estadao.com
07/09/2025 - 08:00

Construído para centralizar, organizar e controlar as operações cafeeiras, o edifício da Bolsa Oficial de Café foi inaugurado em 1922, durante as comemorações do centenário da Independência do Brasil. O palácio se destaca pela suntuosidade e pela riqueza de detalhes, elementos que fizeram do prédio um símbolo da prosperidade do setor cafeeiro e um dos cartões-postais mais icônicos de Santos (SP).
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o espaço abriga, desde 1998, o Museu do Café (MC), e se consolidou como um dos pontos turísticos mais visitados da região, recebendo cerca de 400 mil visitantes por ano. “Por meio de exposições, atividades culturais, programas educativos e cursos de barista, seguimos fortalecendo a preservação e a difusão da história do café no Brasil e no mundo”, explica Alessandra Almeida, diretora executiva do Museu do Café.
Como funcionava a Bolsa de Café
A Bolsa Oficial de Café funcionou como centro das negociações do produto até a década de 1950. O café representava mais de 70% das exportações brasileiras no início do século 20 e sustentava a política do “café com leite”, em que São Paulo e Minas Gerais se alternavam no poder.
No Salão do Pregão, corretores autorizados se reuniam diariamente para negociar lotes de café. As transações eram feitas em viva-voz: os vendedores anunciavam quantidades e qualidades do grão, enquanto compradores disputavam preços em meio a gestos e gritos. Cada contrato registrava o volume, o tipo e o valor acordado, servindo como referência para exportadores e fazendeiros.





A Bolsa não apenas organizava os negócios, mas também regulava padrões de qualidade. Havia salas específicas para classificação e provas do café, onde especialistas avaliavam aroma, corpo e sabor do grão antes da comercialização. Esse processo ajudava a consolidar a reputação do café paulista no mercado internacional.
O edifício, com vitrais franceses e mármores italianos, foi projetado para simbolizar a força do café paulista no mercado mundial. Em 1917, antes mesmo da inauguração, Santos já era responsável por escoar quase 90% da produção nacional destinada ao exterior.
Do pregão às plataformas digitais
Com o declínio da centralização das vendas e a transferência das operações para a capital, a Bolsa encerrou as atividades em 1986.
Com o passar dos anos, o pregão presencial foi substituído por sistemas eletrônicos de negociação. Hoje, bolsas de mercadorias e contratos futuros conectam compradores e vendedores em tempo real, em diferentes países. A classificação segue sendo essencial, mas agora com normas internacionais e tecnologia avançada. Se antes o preço do café era definido em um salão em Santos, hoje ele é resultado de negociações globais feitas em segundos.
Veja fotos atuais do museu:







Programação dos 103 anos
A comemoração dos 103 anos do edifício terá programação especial. Neste fim de semana, a visitação ao Museu será gratuita. O público poderá participar de visitas mediadas (10h, 11h e 16h) com foco na história do prédio, acompanhadas de materiais educativos que mostram como era a ocupação dos espaços e salas na época em que o edifício funcionava como Bolsa Oficial de Café.

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