Economia

Tripes: como controlar essa praga?

Com mais de 1.500 espécies, os tripes causam danos severos a diversas culturas agrícolas no Brasil, exigindo estratégias eficazes de controle

Os tripes são pequenos insetos que representam uma grande ameaça para diversas culturas agrícolas no Brasil. Esses minúsculos invasores, muitas vezes invisíveis a olho nu, podem causar danos significativos e prejuízos consideráveis aos produtores rurais. 

Segundo dados da Embrapa, a maior parte das espécies de tripes consideradas pragas está agrupada na família Thripidae, que reúne aproximadamente 1.500 espécies distribuídas em 250 gêneros. 

Tipos de tripes e culturas afetadas

Os tripes são insetos da ordem Thysanoptera e são encontrados em diversas espécies que afetam as culturas agrícolas no Brasil. Entre as mais comuns e prejudiciais, destacam-se:

Culturas mais suscetíveis

Os tripes são pragas polífagas, ou seja, atacam diversas culturas.

Cada cultura pode apresentar sintomas específicos, mas geralmente incluem manchas prateadas nas folhas, deformações em frutos e flores, e redução no crescimento das plantas.

Danos causados por tripes

Danos diretos

Os tripes causam danos diretos às plantas através de sua alimentação. Esses insetos possuem aparelho bucal raspador-sugador, que perfura e raspa os tecidos vegetais para sugar o conteúdo celular. 

Como resultado, surgem manchas prateadas nas folhas, que são o resultado da entrada de ar nos tecidos raspados. Além disso, o ataque a órgãos em desenvolvimento leva a deformações de frutos e flores, causando crescimento irregular.

A alimentação dos tripes também reduz a capacidade fotossintética das plantas, pois as áreas danificadas nas folhas têm menor eficiência na absorção de luz. 

Em ataques severos, as áreas afetadas podem secar e morrer, levando à necrose dos tecidos. Em infestações intensas, pode ocorrer até mesmo a queda prematura de folhas e frutos.

Danos indiretos

Além dos danos causados diretamente pela alimentação, os tripes são vetores de diversos vírus fitopatogênicos, o que amplifica seu potencial destrutivo. 

O exemplo mais notório é a transmissão do vírus do vira-cabeça do tomateiro (Tomato spotted wilt virus – TSWV), que pode causar perdas de até 100% na produção de tomates.

Outros vírus transmitidos por tripes incluem o Groundnut ringspot virus (GRSV), o Tomato chlorotic spot virus (TCSV) e o Chrysanthemum stem necrosis virus (CSNV). A transmissão desses vírus ocorre de maneira persistente propagativa, ou seja, o vírus se multiplica dentro do corpo do inseto antes de ser transmitido para uma nova planta. 

Isso torna o controle ainda mais desafiador, pois mesmo poucos indivíduos podem disseminar a doença rapidamente.

As consequências da transmissão viral para a produtividade são severas, incluindo redução drástica no desenvolvimento das plantas, deformação de folhas e frutos, necrose generalizada e até mesmo a morte prematura das plantas. 

Identificação e monitoramento de tripes

Tripes com olhos grandes alimentando-se de flores silvestres – Foto: Adobe Stock

A identificação precoce dos tripes é crucial para um controle efetivo. Esses insetos são pequenos, geralmente medindo entre 0,5 mm e 2 mm de comprimento, o que torna sua detecção um desafio. Características para identificação incluem:

Para uma observação mais precisa:

Manejo e controle de tripes

Controle cultural

O controle cultural envolve práticas agrícolas que tornam o ambiente desfavorável aos tripes e favorável às plantas; a rotação de culturas é eficaz, alternando culturas não hospedeiras e evitando plantar culturas suscetíveis em áreas próximas ou subsequentes. 

A eliminação de plantas hospedeiras é crucial, incluindo a remoção de plantas daninhas que abrigam tripes e a manutenção dos arredores da área de cultivo livres de vegetação. 

O manejo da irrigação é importante, evitando o estresse hídrico e usando irrigação por aspersão para retirar os tripes das folhas. 

A adubação equilibrada é essencial, pois plantas nutridas resistem melhor ao ataque de pragas; evitar o excesso de nitrogênio é importante, pois pode favorecer os tripes. Em cultivos protegidos, o uso de barreiras físicas, como telas anti-insetos, pode ser uma medida eficaz.

Controle biológico

O controle biológico utiliza inimigos naturais para reduzir a população de tripes. Ácaros predadores como Amblyseius swirskii e Neoseiulus cucumeris são eficazes contra tripes. 

Percevejos predadores, como Orius insidiosus e Orius laevigatus, também são aliados importantes no controle dessa praga.

Fungos entomopatogênicos, como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae, podem ser aplicados para controlar populações de tripes. Além disso, nematoides entomopatogênicos, como Steinernema feltiae, têm mostrado resultados promissores no controle de tripes.

A liberação desses agentes deve ser feita de forma preventiva ou no início da infestação para maior eficácia. 

Controle químico

O controle químico, quando necessário, deve ser realizado com critério e como parte de um programa de manejo integrado. É crucial escolher inseticidas registrados para a cultura e praga-alvo, priorizando produtos seletivos aos inimigos naturais. 

A rotação de ingredientes ativos com diferentes modos de ação é importante para evitar o desenvolvimento de resistência nos tripes.

O momento de aplicação deve ser baseado nos níveis de ação determinados pelo monitoramento, considerando o estágio de desenvolvimento da cultura e da praga. 

A tecnologia de aplicação também é fundamental: deve-se usar volume de calda e bicos adequados para boa cobertura, e considerar o uso de adjuvantes para melhorar a eficácia do produto.

É imprescindível respeitar o período de carência, que é o intervalo de segurança entre a aplicação e a colheita. Acima de tudo, é fundamental consultar um engenheiro agrônomo para a prescrição do receituário agronômico e orientações específicas sobre o uso de inseticidas.

Lembre-se: o controle dos tripes não é apenas uma questão de proteger a safra atual, mas de garantir a sustentabilidade da produção agrícola a longo prazo. Com vigilância constante e ações bem planejadas, é possível manter essa praga sob controle e assegurar o sucesso de suas culturas.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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