Seca em 2024 derrubou as vendas no setor, que amarga queda acumulada no ano; Abimaq projeta recuperação de 8,2% em 2025
O setor de máquinas e implementos agrícolas registrou uma receita líquida de R$ 5,2 bilhões em fevereiro de 2025, um crescimento de 17% em relação ao mesmo mês de 2024 e de 24% na comparação com janeiro deste ano. No acumulado dos últimos 12 meses, porém, o setor faturou R$ 62,4 bilhões, uma queda de 14,1% frente ao período anterior. Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo o levantamento, a receita interna com máquinas agrícolas atingiu R$ 4,5 bilhões em fevereiro, avançando 15,1% na comparação anual e 26,4% em relação a janeiro. No acumulado de 12 meses, a receita interna totalizou R$ 54,2 bilhões, registrando uma retração de 14,8%.
Ao Agro Estadão, o presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Abimaq, Pedro Estevão, explica que o bom resultado em fevereiro e o recuo no acumulado dos últimos 12 meses se devem à queda de 20% nas vendas ao longo de 2024.
“O principal fator foi a seca [em janeiro e fevereiro de 2024] que diminuiu muito a produtividade das lavouras e, consequentemente, a rentabilidade dos agricultores, especialmente de soja e milho, os principais mercados de máquinas agrícolas”, explica. “Para este ano, nós tivemos uma boa produtividade das lavouras, principalmente soja e milho. Então, teremos um ano um pouco normal com relação à rentabilidade. O produtor volta a comprar”, estima.
A Abimaq projeta um crescimento de 8,2% no faturamento do setor de máquinas agrícolas em 2025, após a queda de 20% no ano passado. “Olhando os principais mercados de máquinas agrícolas — soja, milho, algodão, laranja e arroz — os produtores estão tendo uma rentabilidade razoável. Exceto o café, cujos preços estão muito bons. O grande problema deste ano é a taxa de juros muito alta, variando entre 18% e 20% ao ano”, pondera.
Em fevereiro, o Brasil manteve a tendência de queda no acumulado dos últimos 12 meses, tanto nas importações quanto nas exportações do setor. As importações totalizaram US$ 1,2 bilhão, uma redução de 9,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já as exportações somaram US$ 1,4 bilhão, representando uma retração de 15,7% na mesma base de comparação.
Pedro Estevão explica que, devido à concentração das exportações do setor de máquinas e equipamentos agrícolas brasileiro na América Latina, especialmente nos mercados de soja e milho, as vendas externas foram impactadas pela queda nos preços das commodities em 2024. “Nosso desempenho da exportação é muito parecido com o mercado do interno”, destaca.
Considerando apenas as receitas do segundo mês de 2025, no entanto, o país importou US$ 96,83 milhões em máquinas agrícolas, um crescimento de 70,6% na comparação anual e de 13,3% em relação a janeiro. As exportações, por sua vez, alcançaram US$ 117,38 milhões em receitas, um avanço de 17,6% frente a fevereiro de 2024 e de 14,5% em relação ao mês anterior.
China e Estados Unidos seguem como os principais fornecedores de máquinas agrícolas para o Brasil. No lado das exportações, a América Latina se mantém como o principal destino, com destaque para Paraguai, Argentina, Colômbia, Peru e México. Além disso, uma parcela significativa das vendas externas é direcionada ao continente africano e a países da Europa Oriental, como Rússia, Ucrânia e Lituânia.
O levantamento também revela que, no final de fevereiro, o Brasil registrou 116.874 trabalhadores no setor de máquinas agrícolas, um aumento de 3% em relação ao mesmo período do ano passado e de 2,8% frente a janeiro. A média em 12 meses, no entanto, foi de 114.593 empregados, um recuo de 3,2% no comparativo anual.