De janeiro a julho deste ano, o preço do leite caiu 11,5%; declínio está atrelado ao incremento da oferta e importação de lácteos
Interrompendo o movimento de alta que vinha sendo observado desde novembro de 2023, o preço do leite captado em julho e pago ao produtor em agosto registrou queda real de 1,5% frente ao mês anterior, levando a “Média Brasil” a R$ 2,72 por litro.
Em termos reais, ou seja descontados os efeitos da inflação, o valor ainda supera em 7,9% o de julho de 2023. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e foram divulgados nesta quinta-feira, 29.
Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 30,1% desde o início de 2024, a média de janeiro a julho deste ano está 11,5% inferior à do mesmo período de 2023. O preço do litro está em R$ 2,50.
A queda nos valores ao produtor é explicada pelo aumento da oferta nacional. O Índice de Captação Leiteira do Cepea avançou 4,6% em julho. Todos os estados registraram alta na captação, mas o resultado foi puxado sobretudo pelos fortes crescimentos de 8% em Minas Gerais, de 4,7% no Rio Grande do Sul e de 4,1% em Santa Catarina.
“A produção de leite vem se recuperando, devido aos investimentos de pecuaristas em nutrição do rebanho. Mesmo que o Custo Operacional Efetivo tenha subido 0,62% em julho, a margem bruta do produtor se manteve em alta na ‘média Brasil’. Estima-se que a margem bruta do pecuarista tenha avançado 3,93% de junho para julho, passando de 82 centavos de real por litro para 85 centavos (R$/L)”, informa o Cepea em comunicado setorial.
De acordo com o levantamento do Cepea, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), além do avanço na produção interna, as importações continuam elevando a disponibilidade de lácteos no mercado nacional.
Em junho, houve aumento de 37,4% nas compras, totalizando 251,1 milhões de litros em equivalente leite, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Essa quantidade supera em 35,3% a internalizada no mesmo período do ano passado.
Ainda conforme relatório da pesquisadora do Cepea Natália Grigol, as indústrias de laticínios seguiram com dificuldade em garantir margem nas vendas dos lácteos.
“Pesquisas do Cepea apoiadas pela OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras) mostram que o leite UHT, a muçarela e o leite em pó fracionado se desvalorizaram 5,68%, 2,03% e 0,25%, respectivamente, em julho – o que também influenciou o pagamento da matéria-prima daquele mês”, ressalta a pesquisadora;
Grigol ainda aponta que, diante do contexto apresentado, a expectativa é de que o terceiro trimestre seja marcado pelo recuo das cotações do leite cru.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.