Economia

Preço de commodities e quebra de safra devem puxar vendas de máquinas agrícolas para baixo em 2024

Setor projeta que 2024 também deve ter queda impulsionada pela quebra de safra

As projeções de menos vendas de máquinas agrícolas em 2024 podem ser ainda piores, apontou o presidente da Aprosoja Brasil (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), Antônio Galvan, ao Agro Estadão. Para ele, os números inicialmente projetados pela ABIMAQ (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) “são extremamente modestos”’.

O presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da ABIMAQ (CSMIA), Pedro Estevão, indicou que a perspectiva é de uma queda no faturamento na casa de 10% a 15%, mas ressaltou que uma projeção ainda é “prematura”. 

“Para 2024, a gente achava que seria igual [a 2023], mas a seca pegou no Centro-Oeste, no Sudeste, e são perdas severas que trouxeram um viés negativo”, disse Estevão.

O representante dos produtores de soja pontuou que outro fator também tende a influenciar na compra do maquinário agrícola: o preço do milho e da soja. Ele enfatizou que “o setor não vai comprar máquinas novas nessas atuais condições”.

“Nós temos neste ano dois agravantes que é a quebra de safra, que ainda vejo ela como menor agravante por mais que tenha produtores que vão sofrer muito, mas também o valor das commodities, que é muito pior, porque pega 100% dos produtores”, comentou Galvan. 

As projeções oficiais para 2024 da ABIMAQ devem ser levantadas na próxima quarta-feira (07), quando a câmara setorial irá se reunir. 

Vendas de máquinas agrícolas caem em 2023

As vendas de máquinas agrícolas caíram em 2023, segundo a ABIMAQ. Só em faturamento de vendas nacionais a queda foi de 23,2%, cerca de R$ 9 bilhões a menos do que no ano anterior. 

Quando se trata da quantidade de máquinas agrícolas comercializadas, esse número também sofreu uma redução. Somando tratores e colheitadeiras, principais produtos vendidos nesse segmento, as vendas totais caíram de 79,8 mil unidades em 2022 para 68,9 mil unidades em 2023. 

Para o presidente da câmara setorial , Pedro Estevão, o preço das commodities já influenciou o cenário do ano anterior. “Teve uma queda do preço da soja e do milho, principalmente dessas, que representa 60% do mercado [de máquinas agrícolas]. Então, esse pessoal teve uma rentabilidade menor e isso faz com que eles invistam menos”. 

Outro aspecto levantado por Estevão é a taxa de juros alta do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras). No atual Plano Safra, a linha tem uma taxa de juros de 12,5% e prazo de até 7 anos para pagamento. Ele explicou que produtores “consideravam isso um juros alto”, sendo que a perspectiva para 2024 e 2025 é de uma Selic, taxa básica de juros, em queda.   

“Como o pessoal compra muita máquina com juros fixo, ele vai ficar pagando aí 7 anos a 12,5%, sendo que se ele esperar mais um pouco, ele vai pagar um juros menor, porque o juros são cadentes, tanto é que caiu mais 0,5% e deve cair até chegar aos 9%, e em 2025 um pouquinho menor. Então o pessoal acaba deixando a compra para os próximos anos”, completou.

Além disso, o setor industrial enxerga o efeito como uma correção, já que nos anos de 2020, 2021 e 2022 o faturamento do segmento de máquinas agrícolas bateu recordes. 

A queda nos números é observada em todo o setor de maquinários. O consumo nacional foi de R$ 356,92 bilhões no ano passado, frente aos R$ 403,42 bilhões de 2022. O destaque positivo foram as exportações gerais de máquinas que cresceram em média 14,6%.