Tecnologia IATF pode impulsionar a fase de cria e oferecer rentabilidade ao pecuarista
“A cria, como todo mundo sabe, é o patinho feio de todos os sistemas”, brincou no início de sua palestra o médico veterinário e proprietário da Firmasa Tecnologia para Pecuária, Luciano Penteado. Segundo o especialista, essa etapa é frequentemente tratada com menos atenção, recebendo os piores recursos em infraestrutura, manejo e pastagem. No entanto, com os ajustes certos em gestão e tecnologia esse cenário pode mudar.
“Muitos pecuaristas focam apenas no fluxo de caixa ou exclusivamente na produtividade, mas esquecem que o sucesso vem do equilíbrio entre os dois. É aí que a tecnologia entra como uma grande aliada”, enfatizou Penteado nesta quarta-feira, 20, durante o painel ‘a conta do boi’ na Feicorte 2024.
Entre as tecnologias de destaque está a inseminação artificial em tempo fixo (IATF) — técnica de reprodução onde é determinado o dia e horário que um lote de fêmeas será inseminado. Inicialmente focada no melhoramento genético, a técnica trouxe benefícios significativos em eficiência produtiva, segundo o especialista.
Conforme estudo apresentado por Penteado, a cada R$ 1 investido em IATF no último ano, o retorno ao pecuarista foi de R$ 2,92 na comparação com a monta natural. “A IATF não só trouxe um retorno tremendo no que diz respeito ao melhoramento genético, que foi o seu início, depois ela trouxe a eficiência no produtivo e, claro, sem dúvida nenhuma, ela traz também um retorno econômico”, afirma Luciano.
Outro ponto a ser observado no ciclo de cria é o peso dos bezerros do início da estação de monta (julho e agosto) em comparação com os que nascem no final do período (novembro e dezembro).
Baseado em dados compilados de uma fazenda com mais de dois mil animais, Penteado mostrou que os bezerros nascidos no início da estação de monta apresentaram 32 quilos a mais de ganho de peso no momento do desmame. Isso é equivalente a um aumento de 14,1% em relação aos animais nascidos no final do período.
“Os animais tinham diferença de cinco a seis meses de diferença de peso entre o bezerro de cedo para o de tarde. E confinamento não é só o que ele ganha de peso, é o tempo que ele fica no confinamento também”, destacou o especialista.
A vantagem também se estendeu ao longo do ciclo produtivo. Durante a recria, os bezerros do início tiveram 14,8% a mais de ganho de peso. No confinamento, ganharam 38 quilos — 7% a mais em relação aos animais do final da estação.
*jornalista viajou a convite dos organizadores da Feicorte 2024
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