Segundo a Semadesc, o aumento está ligado à escassez da proteína no mercado norte-americano causada pela gripe aviária
A maioria da produção de ovos das granjas instaladas em Mato Grosso do Sul é consumida internamente, mas o estado vem se destacando também na exportação do produto. Em 2023, os Estados Unidos importaram 1.142.050 quilos do produto sul-mato-grossense. Em 2024, esse volume praticamente dobrou, alcançando 2.096.000 quilos. Só nos três primeiros meses de 2025, as exportações do MS para o país norte-americano já somam 840 mil quilos.
Segundo a avaliação da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), o crescimento expressivo nas exportações para os EUA está relacionado à escassez e ao aumento dos preços da proteína animal no país, provocados pelos surtos de gripe aviária. Desde 2022, a doença levou à eliminação de aproximadamente 123 milhões de aves — entre galinhas, perus e outras espécies — nos Estados Unidos.
Com isso, o Brasil se tornou o maior fornecedor do produto para os EUA no primeiro trimestre deste ano, com aumento de 346% nas vendas, conforme dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só nos três primeiros meses do ano, o país embarcou 2.705 toneladas de ovos para o mercado norte-americano.
Além dos EUA, outros países também se destacaram como destino dos ovos produzidos em Mato Grosso do Sul em 2024. O Chile importou 236 mil quilos, seguido pela Colômbia, com 72 mil quilos, e pelas Filipinas, com 24,3 mil quilos.
As granjas instaladas no estado produziram, em 2023, um total de 1.117.104.000 unidades de ovos, conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Três municípios concentraram mais da metade dessa produção: Terenos, com 34,62%; Ivinhema, com 29,13%; e Dourados, com 6,39%.
Segundo a Semadesc, as duas principais produtoras de ovos em Mato Grosso do Sul — a cooperativa Camva e o Grupo Yabuta — projetam um aumento na produção a curto prazo. Em nota, o diretor administrativo da Camva, Issao Kurokawa, disse que os cooperados produzem atualmente cerca de 1 milhão de ovos diariamente. Segundo ele, há projetos de expansão de aviários que, dependendo da demanda, estimulam os produtores a responder ao mercado aumentando ou reduzindo a produção.
Já o Grupo Yabuta, segundo informou o presidente Fábio Yabuta, em nota, tem atualmente uma produção diária de 2,4 milhões de ovos. No entanto, esse volume deve crescer significativamente nos próximos anos com a implantação de um empreendimento no Distrito de Nova Casa Verde, em Nova Andradina. O novo complexo contará com cinco aviários e uma fábrica de ração própria para suprir a criação de milhões de galinhas poedeiras. Com início das operações previsto para 2027, o projeto deve elevar a produção diária do grupo no Mato Grosso do Sul para 3,8 milhões de ovos.