Ministério identificou mortes em cinco estados e suspendeu produção e venda das rações da empresa
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) investiga a morte de 222 equinos em cinco estados, com suspeita de ligação ao consumo de rações da empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda. Segundo nota oficial publicada nesta quinta-feira, 3, a primeira denúncia foi registrada em 26 de maio, por meio da Ouvidoria do ministério. A comercialização dos produtos foi proibida.
O Mapa informou que a fiscalização identificou 83 óbitos em São Paulo, 69 no Rio de Janeiro, 65 em Alagoas, quatro em Goiás e um em Minas Gerais. Novos relatos, ainda sob apuração, indicam mais mortes na Bahia, Goiás, São Paulo e Minas Gerais.
Segundo a nota, o Ministério realizou duas inspeções na fábrica da Nutratta e identificou irregularidades. Por isso, suspendeu cautelarmente a fabricação de rações da empresa. A pasta, no entanto, não detalhou quais problemas foram identificados.
Ainda de acordo com o Mapa há indícios de outros casos, no entanto, a apuração “tem sido dificultada pela ausência de comunicação formal via Ouvidoria, que é o canal oficial para registro das denúncias.”
Outro fator que dificulta o trabalho de fiscalização, segundo a pasta, é a natureza dos sintomas apresentados pelos animais, que podem surgir tardiamente após a interrupção do uso da ração. “A evolução clínica dos equinos, marcada por insuficiência hepática seguida de piora repentina, tem tornado ainda mais complexa a estimativa precisa do número total de óbitos”, diz o texto oficial.
O ministério informou ainda que a empresa contestou a decisão na Justiça, e o ministério aguarda posicionamento judicial. A reportagem do Agro Estadão entrou em contato com a assessoria de imprensa da Nutratta Equinos e também com os advogados da empresa, mas não obteve resposta até o momento.
O Mapa orienta que novas denúncias sejam feitas exclusivamente pela Ouvidoria oficial, no site gov.br/ouvidorias.
Em 18 de junho, o ministério publicou um alerta de risco e determinou o recolhimento, em todo o território nacional, de todos os produtos destinados a equídeos fabricados pela empresa Nutratta Nutrição Animal Ltda., com data de fabricação a partir de 21 de novembro de 2024.
Na publicação feita nas redes sociais oficiais da pasta, usuários criticaram a demora no posicionamento do governo. “Mais de 40 dias para se pronunciar, é lamentável”, disse um usuário. “Já estava na hora né, alguém tem que parar essa empresa”, afirmou outra seguidora.
Um internauta relatou na publicação que, até então, já havia registrado mais de 300 óbitos. “Todos comiam apenas a ração Nutratta”, afirmou. “Infelizmente não temos um protocolo eficaz e os cavalos podem demorar até 60 dias pra aparecerem os sintomas”, disse.