Economia

Exportações de soja brasileira para China devem crescer mais de 4% em 2025

Impulsionado pela guerra tarifária com os EUA, porto chinês recebeu 40 navios brasileiros só em abril; desafios logísticos podem impactar exportações

As exportações de soja do Brasil para a China devem crescer mais de 4% em 2025 em relação ao ano anterior, impulsionadas pela guerra tarifária entre o país asiático e os Estados Unidos. A projeção foi confirmada pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Mauricio Buffon, em entrevista ao Agro Estadão.

Segundo Buffon, a China respondeu por cerca de 73% das exportações brasileiras de soja em 2024, participação que deve subir para 75% a 78% no próximo ano.

Apesar da demanda crescente, o presidente da Aprosoja alerta para os gargalos logísticos e a insuficiência de armazéns, que podem limitar o escoamento da produção recorde prevista para a safra 2024/25, estimada em 330 milhões de toneladas.

“O Brasil está estrangulado; tudo o que pode ser usado de armazenamento nos portos hoje está sendo utilizado. Se tivéssemos mais capacidade portuária, por exemplo, poderíamos atender a China um pouco melhor. Até porque, quando se consegue fazer tudo isso com mais eficiência, o preço fica mais baixo”, afirma.

China troca soja americana pela brasileira

O perfil da rede social chinesa Yuyuan Tan Tian, vinculado à emissora estatal CCTV (China Central Television), publicou neste domingo, 27, um vídeo que mostra diversos navios descarregando soja no porto de Ningbo-Zhoushan, localizado próximo às cidades de Hangzhou e Xangai, na China.

De acordo com a publicação, 40 navios provenientes do Brasil atracaram no porto apenas no mês de abril — um aumento de 48% em relação ao mesmo período do ano passado e um crescimento de 32% no volume de soja.

Enquanto isso, dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revelam uma queda acentuada nas exportações norte-americanas para o mercado chinês. Na semana encerrada em 17 de abril, a China adquiriu apenas 1,8 mil toneladas de soja dos EUA, número significativamente inferior às 72,8 mil toneladas registradas na semana anterior. Os dados divulgados na última quinta-feira refletem o primeiro período completo de vendas após a nova escalada da guerra tarifária entre os dois países. As informações são da Dow Jones Newswires

Além disso, a China também cancelou a compra de 12 mil toneladas de carne suína dos EUA na semana passada. Analistas acreditam que os preços de commodities agrícolas ficarão sob forte pressão se essa tendência persistir.