Cotações
Trigo: vendedores e compradores seguem inflexíveis e preços estáveis
Baixo estoque da safra velha e incerteza quanto a próxima temporada devem seguir sustentando as cotações
3 minutos de leitura 09/08/2024 - 10:55
Por: Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
O mercado doméstico de trigo chegou na última sexta, 9, com vendedores e compradores se mostrando inflexíveis na realização de negócios. De acordo com análise de Élcio Bento, da Safras & Mercado, os compradores seguem “achatando” os preços, tendo como principais argumentos a forte queda dos valores internacionais e a proximidade da colheita da nova safra. Já os vendedores, olhando para a escassez de oferta de trigo da safra velha e para as incertezas quanto à produção no Brasil e na Argentina, não demonstram interesse em ceder.
Na última quinta-feira, 8, foram registradas bases de compras de safra velha próximas a R$ 1,4 mil por tonelada no Rio Grande do Sul e de R$ 1,6 mil por tonelada no Paraná. O analista da Safras destaca que o resultado do balanço brasileiro de oferta e demanda na temporada 2023/24 mostra estoques finais de 679 mil toneladas, o que corresponde a uma retração de 51,3% em relação à temporada anterior (1,39 milhão de toneladas em estoques).
Ao Agro Estadão o analista explica, entretanto, que essa retração dos estoques da temporada passada não gera incerteza, pois seus efeitos sobre os preços, levando inclusive à elevação recente, foram contabilizados anteriormente.
“Isso significa, efetivamente, que a gente vai ter menos trigo no início desta temporada, agora em agosto teve menos trigo, só que a safra do ano que vem vai ser maior, então, acaba quase que equilibrando. Os estoques menores tiveram impacto sobre o que já foi [comercializado] até agora, que era pouco. A partir do momento que começar a entrar trigo da safra nova, a questão se equilibra”, explica Élcio Bento.
Ainda em relação ao efeito sobre os preços, o especialista diz que pode haver um leve movimento de melhora ou firmeza, mas nada fora do normal.
“Essa redução que a gente teve dos estoques, boa parte dela, é compensada já pelo aumento da produção no próximo ano e não tem risco para abastecimento porque a gente busca no mercado internacional. Claro que isso pode dar um espaço um pouquinho maior para preços mais firmes, porque a gente precisa comprar mais no mercado internacional […] mas não é nada alarmante”, comenta o especialista.
No curto prazo, as cotações devem continuar sustentadas pela incerteza, pois se espera uma safra maior, mas ainda não se sabe quanto. Além disso, Élcio explica que a nova safra começou como se estivesse devendo no cheque especial.
“Costumo dizer que estoques de passagem é como se a gente tivesse lá no cheque especial, entramos no limite do cheque especial quando reduz os estoques iniciais […] Precisamos compensar aquela queda que a gente teve nos estoques de passagem e isso, claro, traz uma necessidade maior de importação, mas não chega a trazer um risco de abastecimento. O que traz incerteza e tem deixado o preço firme nesse momento ainda é que a gente não sabe o tamanho da próxima safra e estamos com pouco trigo da safra velha”, conclui o analista.
Chicago à espera do relatório de oferta e demanda do USDA
Em Chicago, acompanhando a soja e o milho, as cotações do trigo encerraram a quinta-feira, 8, em queda. O contrato mais comercializado do cereal, com vencimento para setembro de 2024 fechou o pregão a US$ 5,36 por bushel, baixa de 0,33% em relação ao dia anterior. De acordo com a Safras, o movimento resulta de uma realização de parte dos lucros acumulados nesta semana.
Nesta quinta, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) relatou que 274 mil toneladas de trigo da safra 2024/25 foram vendidas na semana encerrada em 1º de agosto. Pela análise da Safras, essa informação foi bem digerida pelo mercado, ficando dentro do esperado.
O que deve permanecer no radar dos agentes é a expectativa quanto ao relatório de oferta e demanda do USDA que será divulgado na segunda-feira, 12. Em apostas distintas, analistas vislumbram cenários onde o USDA possa aumentar a projeção para as exportações norte-americanas, assim reduzindo estoques finais, e por outro lado, há quem espere a manutenção na projeção de vendas, levando a um aumento dos estoques.
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