Chuvas em outubro e enfraquecimento do consumo interno limitam negócios, mesmo com avanço das vendas externas lideradas por Mato Grosso
As exportações brasileiras de feijão atingiram um novo recorde histórico em setembro. No período, foram embarcadas 85,4 mil toneladas no mês, totalizando 488,4 mil toneladas no acumulado de 12 meses — o maior volume já registrado pela série. Os dados foram compilados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Segundo o levantamento, entre janeiro e setembro de 2025, o país já exportou 361,9 mil toneladas de feijão. O volume supera o total embarcado em todo o ano passado. Entre os Estados, Mato Grosso lidera como principal exportador, seguido por Tocantins, Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Do lado comprador, a Índia se consolidou como o principal destino do produto, concentrando 57% das compras. A pauta exportadora é composta majoritariamente por feijões dos tipos vigna mungo e radiata.
Segundo o assessor técnico da CNA, Tiago Pereira, o desempenho das exportações contrasta com a fraqueza do mercado interno. “Vivemos um cenário de recorde nas exportações, mas o consumo doméstico segue enfraquecido pela menor demanda e pelos efeitos do clima. A intensificação das chuvas em outubro tende a influenciar esse quadro, principalmente no Paraná, que concentra boa parte da primeira safra do país”, afirmou.
Segundo o indicador Cepea, o mercado doméstico do feijão carioca (notas 9 ou superiores) manteve baixa liquidez entre 2 e 9 de outubro. “As chuvas em várias regiões reduziram o interesse de compra, pressionando os preços nas principais praças produtoras”, destaca o boletim.
Em Sorriso (MT), a cotação recuou 6,23%, de R$ 218,33 para R$ 204,72 por saca de 60 quilos. No leste goiano, a queda foi de 4,91% (para R$ 229,07 por saca. Em Belo Horizonte (MG), o recuo chegou a 4,6% (para R$ 250,00 por saca). Enquanto o noroeste de Minas, registrou perdas de 2,31% (para R$ 247,79 por saca).
Entre os lotes de feijão carioca (notas 8 e 8,5), o recuo também predominou, refletindo a qualidade inferior e a demanda contida. No sul goiano, os preços caíram 4,6% em sete dias, ficando R$ 209,09 a saca. Em Belo Horizonte, a queda foi de 4%, com valor de R$ 205,00 por saca e no centro e noroeste goiano o recuo foi de 3,2%, com a saca valendo R$ 198,38.
Após a forte valorização observada em setembro, o mercado do feijão preto tipo 1 apresentou ajustes negativos moderados, com reposição mais lenta e demanda estabilizada.
Em Curitiba (PR), o preço caiu de R$ 159,07 para R$ 155,50 por saca – queda de 2,3%. Na metade sul do estado, o recuo foi de 2,8%, para R$ 143,33 por saca.
Já no oeste de Santa Catarina, o movimento foi praticamente estável, com negócios a R$ 137,74 por saca. Enquanto isso, em Itapeva (SP) houve valorização de 6,3%, para R$ 170,00 por saca.