Produção de bananas também tem perdas com chuvas, afetando 1,5 mil hectares, segundo Deral
As chuvas que caíram no Paraná, na semana passada, provocaram perdas nas lavouras de soja. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), há relatos de grãos ardidos e até germinados, especialmente na soja dessecada, que estava prestes a ser colhida. Mas em geral, a expectativa para o estado é que a produtividade da soja fique acima da média inicialmente esperada.
Segundo o Boletim da Safra de Grãos divulgado nesta quinta-feira, 13, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produtividade esperada para a safra 2024/25 é de 3.707 kg de soja por hectare, um aumento de 17,5% em relação ao ciclo 2023/24.
O Boletim Conjuntural do Deral desta semana indica que já foram colhidos mais de 570 mil hectares da oleaginosa no Paraná. No campo ainda restam pouco mais de 3,8 milhões de hectares para serem colhidos. O maior volume concentra-se nas regiões sul e norte. As condições de lavoura permanecem estáveis, sendo 77% considerada boa, 20% em condição mediana e apenas 4% têm condição ruim.
Na terça-feira, 4, as precipitações ocorreram de forma localizada nas regiões sudeste, extremo oeste, centro-sul e noroeste paranaenses. Na quarta, 5, houve abertura de sol, principalmente entre o noroeste, oeste e sudoeste do estado. Na quinta e sexta-feira, o tempo ficou instável e foram registradas chuvas do leste ao norte. Nos dias 8, 9 e 10 de fevereiro, as chuvas perderam a intensidade e o tempo voltou a ficar estável em todo o Paraná, com predomínio de sol e elevação das temperaturas.
Ainda de acordo com o Deral, os produtores aproveitaram a trégua nas precipitações do último final de semana para fazer as aplicações de defensivos nas lavouras mais novas.
A produtora rural Ana Maria Dametto, de Barbosa Ferraz, no noroeste do Paraná, estima que os prejuízos em sua lavoura de soja podem chegar a 30% nesta safra. A última chuva forte na região aconteceu em janeiro e durou aproximadamente 25 dias. “É complicado dizer que a chuva sozinha vem prejudicando a agricultura, pois a falta dela também vem assolando nossa região. Hora tem chuva de menos, hora chuva de mais. Há uns três anos mudou completamente o clima”, contou ao Agro Estadão.
Ela encaminhou à reportagem um vídeo feito por produtores vizinhos, em janeiro deste ano, que mostra os estragos provocados pelo excesso de chuva nas lavouras da região de Barbosa Ferraz.
O cultivo de banana também foi afetado pelas fortes chuvas no Paraná. Segundo o boletim do Deral, as precipitações da semana passada — principalmente na zona rural de Guaratuba, no litoral, onde foram registradas inundações — resultaram em prejuízos para os produtores. Cerca de 1,5 mil hectares de bananais foram afetados, sendo 80 hectares com perda total de frutas. A recuperação poderá ser feita somente no final do ano.
No boletim, o engenheiro agrônomo do Deral, Paulo Andrade, destaca que “as perdas se darão na qualidade das frutas a serem colhidas, exigindo um beneficiamento acurado dos bananicultores, o que acarreta custo maior, além de redução no preço final, comprometendo a remuneração”.
A situação é relevante para o estado, já que o litoral concentra 59% da produção de bananas do Paraná. Além disso, em 2023, o Paraná foi o 13º produtor nacional da fruta, com uma produção de 160,8 mil toneladas, segundo dados do Deral.
Além da soja e da banana, o relatório destaca que as chuvas também dificultaram o corte do milho. Ainda assim, a colheita do cereal para silagem tem superado as expectativas de rendimento, sendo comum que muitos produtores não precisem utilizar toda a área destinada à produção de silagem.
A previsão do tempo para os próximos dias no Paraná é de ar quente e úmido. O tempo abafado que predomina à tarde favorece o aumento de nuvens, mas a chuva deve ocorrer de forma isolada. A informação é da Nottus Meteorologia.
“No meio da semana que vem, teremos uma frente fria que vai trazer chuvas mais organizadas para o sul do estado. Nas demais áreas, seguimos com calor e chuvas manchadas. Ainda há bastante umidade no solo e isso ainda não é um problema. Deve chover de forma mais geral depois do dia 20 de fevereiro”, informa o sócio-diretor e meteorologista da Nottus. “O clima está sendo favorável à colheita”, avalia.