Delegação brasileira inicia missão internacional no país asiático neste fim de semana
A atual semana e a seguinte no Ministério da Agricultura estão focadas em pautas internacionais. Isso porque parte do primeiro escalão da pasta foi distribuído em diferentes atividades mundo afora. Apesar disso, todos os caminhos vão levar à China, mais precisamente, a Pequim. O ponto alto da agenda acontece entre os dias 12 e 13 de maio, quando o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, também desembarca na capital chinesa.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, foi um dos primeiros a sair do país, no último domingo, 04. A primeira parada foi Luanda, em Angola. Por lá, Fávaro fez reuniões para tratar de temas bilaterais e sobre investimentos no país africano. Uma comitiva de empresários também esteve presente. A visita ao país africano serviu para estreitar as negociações entre Brasil e Angola, além de reforçar a intenção brasileira de levar tecnologias da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a agricultura angolana. Neste sábado,10, o ministro segue para a China.
Quem também está em viagem é o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart. A primeira parada foi em Genebra, na Suíça, para participar das reuniões das Conferências das Partes das Convenções de Basileia, Roterdã e Estocolmo (COPs BRS de 2025), que discutem o manejo e gestão de resíduos e produtos químicos, como os agrotóxicos. Depois, também segue para Pequim.
Já o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Luis Rua, vai direto para a China. Ele conversou com o Agro Estadão sobre a missão internacional brasileira que irá contar com “a maior delegação de empresários brasileiros que irá para a China”. Além dos representantes do Executivo, Rua estima que o país asiático vai receber mais de 150 empresários ligados ao Agro.
A pauta em negociação com os chineses tem mais de 50 itens. Quando se trata do país asiático, Rua é enfático: “Com a China, especificamente, eu só comemoro quando a bola entrar [no gol]. Por enquanto, não tem nada definido. […] Podemos dizer que a gente está deixando o jogo, o campo, pronto. Aí dependerá da China escolher o que eles querem [avançar]”. Porém, isso não impede que o governo tenha certas esperanças.
Uma delas é com relação à abertura do mercado de DDG (sigla em inglês para Grãos Secos de Destilaria), subproduto da produção de etanol de milho. Recentemente, o ministro chegou a externar que esse mercado está “na iminência” de ser aberto.
Além disso, outros mercados que o Brasil está de olho são os de miúdos de suínos e o de farelo de amendoim. Outro item na pauta é o reconhecimento do Paraná e do Rio Grande do Sul como livre de febre aftosa sem vacinação. “Não dá para dizer [que vão aprovar], mas são coisas que a gente tem esperança”, indica o secretário.
A comitiva de empresários tem representantes de 11 setores, como etanol de milho, frutas, suco de laranja, reciclagem animal, carne bovina, carne de aves, carne suína, ovos, defensivos agrícolas, biotecnologias e café. Por isso, além dos assuntos entre nações, também são esperados novos negócios, que deixarão Fávaro e a Rua com agendas cheias.
“Para praticamente todos esses setores, tem uma agenda específica com participação em seminários ou visita a feiras com eles. Eu já fui muitas vezes para a China, mas essa talvez seja a mais intensa”, diz o secretário, que deve ficar no país asiático até a SIAL Shanghai, feira de alimentos e bebidas, que vai de 19 a 21 de maio.
Compõe, ainda, a pauta de negociação Brasil-China novas habilitações de frigoríficos brasileiros para a exportação de carne. Há pouco mais de um ano, 38 plantas foram habilitadas. Fávaro também já havia dito que o país teria “dezenas” de frigoríficos habilitados neste ano. Porém, esse tema tem um clima mais morno de otimismo. “Ainda não tivemos sinalização [da China]”, comenta Rua à reportagem.
Outro ponto sem indicativo de avanço chinês é a revisão do protocolo sanitário quanto aos casos de mal da vaca louca — EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina). O acordo firmado, atualmente, prevê uma suspensão automática da exportação de carne bovina de todo o país quando há a comunicação de um caso de EEB.
No entanto, existem os casos clássicos, relacionados à transmissão da doença pela ingestão de material de origem animal contaminado, e os casos atípicos, no qual o animal é acometido pela idade avançada. Este segundo, é entendido como menos grave por oferecer menor risco. O que o setor pecuário pede é uma revisão do protocolo para regras menos rigorosas , principalmente, quando forem comprovados casos atípicos.
Ainda no assunto internacional, o secretário Luis Rua também confirmou que uma delegação japonesa esteve no Ministério da Agricultura na semana passada. A princípio, o encontro serviu para definir uma segunda visita direcionada à inspeção de frigoríficos brasileiros. Em março, Lula e Fávaro estiveram no Japão e receberam sinalização positiva de avanços nas negociações de abertura do mercado de carne bovina para o país do Sol Nascente.
“Recebemos uma delegação no ministério para avançar com isso. Estamos acertando os detalhes de data [da visita de inspeção], mas tudo dentro do cronograma”, diz Rua, que não deu detalhes de quando a nova visita deve ocorrer.