Agropolítica

“Arroz, feijão e milho são prioridade”, diz presidente da Conab sobre formação de estoques

Governo anunciou que ampliação dos estoques da Conab é uma das medidas para conter alta dos alimentos

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já tem definido os produtos que serão prioridade na formação dos estoques reguladores neste ano de 2025. Na semana passada, um pacote de medidas para frear os preços dos alimentos foi anunciado e uma delas previa o aumento dos estoques. No entanto, o governo ainda não tinha dado detalhes de como a ideia iria funcionar na prática. 

“Queremos chegar até 300 mil toneladas de milho, 200 mil toneladas de arroz e 45 mil toneladas de feijão. São números de estoque que podem ajudar a evitar oscilações de preço e facilitar a vida do consumidor”, disse o presidente da estatal, Edegar Pretto, ao Agro Estadão. Além desses, o trigo também pode ser incluído na lista. Atualmente, a Companhia tem sete mil toneladas armazenadas. 

Para alcançar esses valores, uma tratativa envolvendo a Casa Civil pretende turbinar os recursos destinados no orçamento da Conab. A atual proposta do Projeto de Lei Orçamentária 2025 (PLOA 2025) prevê R$ 189,97 milhões para a formação de estoques. No entanto, a intenção é chegar a mais de R$ 500 milhões neste ano. 

“Como falou o vice-presidente [da República], Geraldo Alckmin, no dia em que foram anunciadas as medidas, uma delas será reforçar o orçamento que serve à Conab. Já temos uma perspectiva deste valor de R$ 350 milhões ser aportado para formação de estoque, somado aos R$ 189,9 milhões previstos no orçamento”, comentou. 

No entanto, tanto a Casa Civil como a Conab reconhecem que a medida ainda não está garantida, pois o PLOA ainda precisa ser apreciado pelos senadores e deputados federais. Há expectativa de que o relatório do orçamento seja votado na Comissão Mista de Orçamento no dia 17 de março. Após, é necessária uma sessão do Congresso Nacional para nova deliberação. 

Compra será feita somente quando houver queda dos preços

Pretto também pontuou que as compras não devem ser feitas por agora, já que parte desses produtos prioritários está com os preços elevados. Uma intervenção da Conab no mercado neste momento poderia pressionar ainda mais os valores e causar o efeito contrário. 

“Não faremos aquisição de estoques em tempos de alta, a formação de estoques não vai inflacionar o mercado porque a orientação clara do governo é que seja feito em baixa, mas não no preço mínimo. O Brasil precisa atualizar suas regras sobre abastecimento, que são da década de 60”, disse o presidente. 

A intenção, segundo o presidente da Conab, é aproveitar momentos de desvalorização para ir às compras. “Estamos colhendo a maior safra da história, e alguns produtos estão com recorde de produção, caso de arroz e feijão, além de soja e milho – que terão uma das maiores safras da história. O arroz está em tendência de baixa há mais de 30 dias, e isso que a safra apenas começou a ser colhida. O milho terá momentos de queda na segunda safra e isso abre oportunidades para adquirirmos estes produtos”, complementou.