Ações como ampliação do Agrishow Pra Elas e elaboração de material didático visam atrair mais visitantes desses dois públicos
Em meio a um público predominantemente masculino que transita entre os estandes da Agrishow, a maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, que será realizada em Ribeirão Preto (SP) de 28 de abril a 2 de maio, a organização do evento quer ampliar a presença de mulheres e estudantes.
Para isso, haverá, segundo o presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, uma atenção maior ao espaço Agrishow Pra Elas, que promove bate-papos com mulheres consideradas lideranças no setor e que podem compartilhar experiências para empoderar a atuação de outras. Entre as melhorias, estão ambientes cobertos, climatizados e com uma área para auditório. É possível conferir a programação completa do espaço no site da feira.
“Criamos uma infraestrutura aprimorada e mantemos um diálogo constante com entidades do setor para expandir esse espaço. A presença feminina no agro não para de crescer, e a feira precisa refletir essa realidade, garantindo um ambiente mais inclusivo, com acesso a conhecimento e oportunidades para todas”, afirmou Marchesan na coletiva de lançamento da feira.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), as mulheres comandavam, em 2023, 31% das propriedades rurais brasileiras e ocupavam 19% dos cargos de direção nas empresas do segmento. No mesmo ano, quase 11 milhões de mulheres estavam empregadas nos diversos ramos do agro.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que a participação feminina em cargos de liderança no setor cresceu quase 80% em sete anos e que as mulheres que administram propriedades no país somam mais de um milhão, respondendo por mais de 30 milhões de hectares. Na Agrishow, elas representaram, em 2024, 30% dos visitantes.
A diretora da Informa Markets, empresa organizadora da feira, Liliane Bortoluci, acredita que o incentivo é mais um elemento para tornar histórico o evento de 2025, quando a Agrishow chega à 30ª edição. “Vamos celebrar um marco, não apenas para a Agrishow, mas para todo o agronegócio brasileiro”, declara.
Outro objetivo é fomentar a frequência de estudantes na feira. Um projeto em parceria com a Prefeitura de Ribeirão Preto, por exemplo, pretende levar à Agrishow mais de 1.100 alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de 16 escolas municipais, além de 84 professores.
Material didático também foi desenvolvido, com foco nas crianças. São quadrinhos e passatempos, apresentados pelos personagens João e Maria, para demonstrar que, além de produzir alimentos, o agronegócio está de olho em um mundo mais sustentável. O conteúdo é disponibilizado em e-book, que pode ser acessado por este link.
De acordo com João Carlos Marchesan, o interesse dos jovens é essencial para garantir a sucessão no campo e a “formação mais preparada, mais conectada com a realidade do setor e com mais chances de construir um futuro promissor dentro dele”.
Na visão do presidente da Agrishow, não há dúvidas de que as novas tecnologias contribuem nesse sentido. “Esse interesse não vem por acaso. A presença cada vez maior da tecnologia no campo e em toda a cadeia produtiva está transformando a imagem que se tinha do setor. Hoje, é possível construir uma carreira sólida atuando em áreas como gestão, tecnologia da informação, logística, consultoria, comercialização, entre outras.”
E nesse aspecto, para Marchesan, a educação é um canal importante, para formentar a formação técnica e aproximar os jovens do mercado de trabalho. Ele menciona o Mapa do Ensino Superior no Brasil, estudo feito pelo Instituto Semesp, que revela que cursos de graduação ligados ao agro, meio ambiente e veterinária tiveram aumento de mais de 1000% na procura na última década.
“Isso começa lá atrás, ainda na escola, com educação de qualidade, contato com tecnologia e, principalmente, com a compreensão do que é o agronegócio em todos os seus elos, da produção ao consumo, do campo às cidades. Trabalhamos continuamente para expandir a produtividade do setor, mas é também necessário mostrar o quanto o agronegócio representa um campo fértil de oportunidades”, conclui Marchesan.