Cenário de custos elevados e dificuldade de acesso ao crédito rural, reforçam as estimativas de redução de área para a safra 2025/26
O preço do arroz está em queda no campo. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) aponta para o menor valor médio desde setembro de 2011. Ou seja, 14 anos.
Considerando o acumulado de outubro, até a terça-feira, 14, o preço da saca de 50 quilos do arroz em casca — 58% de grãos inteiros e pagamento à vista — era negociado a R$ 58,36, em média. No mês, a desvalorização chega a 2,78%. O recuo dá sequência às perdas de 10,75% registradas em setembro.
Segundo os pesquisadores, além da dificuldade de acesso ao crédito rural entre os produtores, os valores de compra não cobrem os custos de produção. O cenário desanima os agricultores e reforça a tendência de redução da área cultivada.
A situação deve ser debatida em encontro com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. Apesar da reunião ainda estar sendo articulada, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), juntamente com outras entidades representativas da agropecuária gaúcha, apresentaram uma prévia do pleito de soluções que serão levadas ao mandatário.
As principais reivindicações passam por uma transferência da Taxa de Cooperação e Defesa da Orizicultura de forma emergencial para o escoamento da produção e fortalecimento da comercialização. A medida é apontada como uma contribuição para a estabilidade do mercado e a valorização do arroz gaúcho. Outro pleito é a equalização do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) com outros estados, sobretudo com o vizinho Paraná.
O setor deve pedir ainda medidas de proteção contra a importação de arroz de países do Mercosul. “Mesmo com produtividade alta, o Rio Grande do Sul não consegue competir com o arroz paraguaio. A área perdida no estado praticamente está aumentando na mesma proporção no Paraguai”, disse Denis Nunes, presidente da Federarroz, durante audiência pública na Assembleia Legislativa no início desta semana. Conforme Nunes, o cenário para 2026 ainda será instável, com estoques elevados e limite do crédito.
Entre os compradores, as pressões nos valores do arroz beneficiado no atacado e varejo têm limitado as elevações da matéria-prima. “Desde 6 de outubro, com o início da fiscalização da tabela de fretes da ANTT [Agência Nacional dos Transportes Terrestres], houve aumento nos custos logísticos, em razão das exigências de seguros e da observância aos valores mínimos de frete, elevando o custo final do produto”, sinaliza o boletim do Cepea.
A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) pediu a suspensão temporária do sistema eletrônico de fiscalização da tabela de frete. Segundo a entidade, a tabela atual está defasada e não reflete as diferenças regionais e setoriais do transporte de cargas, o que tem provocado distorções e insegurança jurídica para os embarcadores.